Resultado das eleições nos EUA, em que se confrontam Kamala Harris e Donald Trump, possivelmente será determinado por sete estados-chave, conhecidos como “swing states”. Entenda por que eles são tão importantes.Os Estados Unidos são compostos por 50 estados, mas nem todos têm o mesmo peso quando se trata de eleições. Enquanto, em princípio, se pode antecipar como os “estados seguros” votarão, os sete “swing states” estão “em cima do muro”, podendo eleger o candidato democrata ou o republicano.

Seus votos podem decidir a eleição num sentido ou no outro, o que os torna atraentes na campanha. Eles são colocados sob o microscópio e ganham comícios de alto perfil e visitas numerosas dos candidatos, além de serem inundados por propaganda visando os indecisos.

Ao contrário das demais eleições do EUA, o presidente e seu vice não são escolhidos diretamente através do voto popular, mas pelo Colégio Eleitoral. Daí a importância dos swing states. Recentemente, esse processo complexo e controvertido resultou duas vezes em o vencedor do voto popular não conquistar o Colégio Eleitoral e, portanto, a Presidência: em 2000, quando George W. Bush venceu Al Gore; e em 2016, quando Donald Trump venceu Hillary Clinton. Em ambos os casos, a vantagem foi para os republicanos.

Quais são os swing states do EUA em 2024

Ao longo dos anos, a lista dos swing states tem variado, devido a fatores como população, características demográficas ou mudanças em questões culturais mais amplas. Contudo, para o eleitorado americano a economia continua sendo o fator mais importante de todos. O posicionamento em relação ao aborto também influenciará de forma significativa o resultado das urnas em todo o país, mas cada swing state tem seu próprio conjunto de questões-chave.

Arizona

Para os eleitores do Arizona, possivelmente o tópico mais premente está relacionado à geografia, já que ele compartilha uma longa fronteira com o México, tendo se tornado um foco de imigração ilegal.

Enquanto vice-presidente, coube à atual candidata democrata Kamala Harris a missão de aliviar a crise da fronteira, atacando as “causas primeiras” junto aos países vizinhos. Para muitos, ela fracassou na tarefa, e seu adversário Trump não perde a ocasião de insistir nesse ponto.

Ao mesmo tempo, esse afluxo está transformando o Arizona num dos estados que crescem mais rapidamente. Agora quase um terço de sua população é latina, e será crucial apelar para esse eleitorado. Para fortalecer sua economia, o estado vem estimulando seu setor manufatureiro. A Lei CHIPS, introduzida pelo presidente Joe Biden, aloca fundos bilionários para a construção de fábricas de chips para computadores, mas ainda levará algum tempo até elas estarem funcionando.

Vencedor em 2020: Biden, com 11 votos do Colégio Eleitoral.

Carolina do Norte

A Carolina do Norte é a última a integrar a lista dos swing states. Antes de Biden abandonar a competição, em julho, Trump contava lá com grande dianteira, a qual Harris conseguiu transformar num quase empate. No entanto, nas últimas 11 eleições presidenciais, os democratas só conseguiram vencer no estado uma vez.

O estado tem atravessado grandes mudanças demográficas, passando de 75% de brancos para os atuais 60%. Ao longo dos últimos 30 anos, sua população cresceu significativamente, tendo atraído uma ampla paleta de novos cidadãos, de veteranos militares e aposentados a jovens formandos universitários.

Vencedor em 2020: Trump, com 16 votos do Colégio Eleitoral.

Geórgia

Em 2020, Biden foi o primeiro democrata a vencer as presidenciais da Geórgia, desde 1992 – embora com uma margem de apenas 0,2 ponto percentual. Cerca de um terço dos eleitores do estado são negros – uma das proporções mais altas nos EUA e um possível elemento de vantagem para Harris.

Foi também na Geórgia que um grande júri acusou Trump e outros de tentarem anular ilegalmente o pleito de 2020. Esse processo está suspenso e não irá a julgamento antes das atuais eleições.

Vencedor em 2020: Biden, com 16 votos do Colégio Eleitoral.

Michigan

Lar da Ford, General Motors e Chrysler – agora parte da Stellantis –, o estado de Michigan é praticamente sinônimo de indústria automobilística. Os empregos no setor são importantes para a região. Recentemente Biden sustou uma invasão de veículos chineses competitivos com a introdução de pesadas taxas de importação. Além disso, a governadora do estado é a popular democrata Gretchen Whitmer, que tem sido uma pedra no sapato dos republicanos.

Ainda assim, nas primárias presidenciais de fevereiro mais de 101 mil votantes marcaram a opção “não comprometida/o”, para expressar sua frustração com Biden. Agora que ele foi substituído como candidato, Harris precisa garantir para si o respaldo desse eleitorado. Ela terá também que convencer a ampla parcela de eleitores árabe-americanos, cujo voto para os democratas está na berlinda, devido ao apoio do partido a Israel na guerra contra o grupo Hamas, na Faixa de Gaza.

Vencedor em 2020: Biden, com 15 votos do Colégio Eleitoral.

Nevada

Imigração é um tópico focal em Nevada, devido a sua localização próxima à fronteira sul. Quase um terço da população é hispânica, e uma das mais urbanas do país. A economia desse estado seriamente dependente do turismo cresceu mais do que a de qualquer outro swing state, desde que Biden assumiu a Presidência. Ao mesmo tempo, Nevada apresenta a maior taxa de desemprego do país.

Vencedor em 2020: Biden, com 6 votos do Colégio Eleitoral.

Pensilvânia

A Pensilvânia é um dos estados que mais têm sofrido com o aumento do custo de vida. Simultaneamente, o fracking a transformou na segunda maior produtora de gás natural, depois do Texas. Trump vem há muito promovendo o método de extração. Harris antes pedia sua proibição, mas agora prefere deixar as opções em aberto, embora com uma regulamentação mais rigorosa. Em 10 de setembro, o estado foi palco do primeiro – e possivelmente único – debate ao vivo entre os dois candidatos de 2024.

Vencedor em 2020: Biden, com 19 votos do Colégio Eleitoral.

Wisconsin

O Wisconsin conta com a maior percentagem de eleitores brancos de todos os swing states. Nos últimos dois pleitos presidenciais, ele teve um dos mais altos índices de participação nas urnas. Em 2016 e 2020, seus eleitores escolheram o vencedor das presidenciais por menos de 25 mil votos – uma confirmação da importância de cada cédula na urna de um swing state.

Vencedor em 2020: Biden, com 10 votos do Colégio Eleitoral.