O sobrenome Gradin está intimamente ligada ao setor industrial. Como sócios de seus conterrâneos baianos, os Odebrecht, Victor e seus filhos Bernardo e Miguel Gradin, ajudaram a erguer das maiores potências empresariais brasileiras, com origem na construção pesada e tentáculos que se espalham pelos segmentos de defesa, concessão de serviços públicos, petroquímica e etanol. É justamente nesse último setor que os Gradin fazem sua primeira aposta empresarial, desde que iniciaram o litígio com os sócios, que culminou no afastamento de Victor do Conselho de Administração do grupo, e as saídas de Bernardo, da presidência da Braskem, e de Miguel, da Odebrecht Óleo e Gás, no fim de 2010. Na quarta-feira 23, os irmãos Gradin anunciaram um plano de investir R$ 1 bilhão em cinco usinas para a produção de etanol celulósico. 

 

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Insumos ecológicos: Gradin, da BioGraal, quer participar da corrida por combustíveis renováveis.

 

O objetivo é fabricar álcool a partir do bagaço da cana-de-açúcar. A primeira unidade da GraalBio, empresa formada por Bernardo e Miguel, será erguida em Alagoas, com previsão de entrar em operação no fim de 2013. Ela custará R$ 300 milhões, dos quais o BNDES vai entrar com R$ 170 milhões. “Seremos pioneiros nessa área na América do Sul”, afirma Bernardo Gradin. A ambição do empresário, no entanto, vai além do etanol. Sua meta é desenvolver uma cadeia de produtos nobres: bioquerosene, biodiesel, além de insumos bioquímicos como a bionafta. Apesar disso, ele nega que o objetivo seja concorrer com a Braskem, ou a ETH, a divisão de etanol da Odebrecht. Para acelerar a entrada nesse setor, a GraalBio se associou a potências de biotecnologia, como a italiana BetaRenewables, a dinamarquesa Novozymes e a holandesa DSM. 

 

São elas que vão fornecer os insumos, como leveduras e enzimas, responsáveis pelo processo de transformação do bagaço em combustível. A GraalBio vai utilizar variedades de cana pobre em açúcar e rica em bagaço, exatamente o contrário da usada atualmente. A vantagem é que ela pode ser cultivada em solos menos nobres, como o do semiárido, além de exigirem um trato menor. Com isso, Gradin acredita que sua empresa terá custo cerca de 35% menor em relação às usinas convencionais. Para equilibrar a demanda à produção, ele mira o mercado externo. “Uma parte do etanol celulósico será enviado aos Estados Unidos, onde o governo mantém uma política de incentivos a esse combustível”, afirma Gradin.

 

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