O caminho de Joe Biden para a eleição presidencial de 2024 será difícil, com obstáculos como sua idade, ameaças geopolíticas e até a possibilidade de seu adversário não ser Donald Trump.

– 86 anos –

A primeira é a mais óbvia: o democrata, que anunciou sua candidatura nesta terça-feira (25), já é o presidente mais velho dos Estados Unidos.

E agora, aos 80 anos, ele pede aos americanos que entreguem as chaves da Casa Branca até os 86 anos.

Dois exames de saúde realizados em novembro de 2021 e fevereiro de 2023 concluíram que ele se encontra saudável e “apto” para o exercício das suas funções.

Mas Joe Biden apresenta uma certa rigidez ao caminhar e tem problemas de fala e gafes que lhe valeram críticas dos republicanos, que o consideram sem capacidade mental suficiente para a função.

E neste momento se lança num exercício árduo: liderar uma campanha com viagens incessantes ao mesmo tempo em que exerce suas funções de presidente.

Por enquanto, ele responde a perguntas sobre sua idade com um breve “olhe para mim!” (em ação), ou com piadas. Mas levantou a questão de forma bastante incomum durante uma recente viagem à Irlanda.

“Estou no fim da minha carreira, não no começo”, disse Joe Biden ao Parlamento em Dublin, acrescentando que ganhou “alguma sabedoria” ao longo dos anos.

“Tenho mais experiência do que qualquer outro presidente na história” dos Estados Unidos. “Isso não me torna melhor ou pior, mas me dá algumas desculpas”.

– Trump ou outro? –

Joe Biden nunca escondeu que seu rival favorito para 2024 é Donald Trump, que já está em campanha.

Porque o venceu uma vez, porque o ex-presidente republicano de 76 anos é o adversário favorito dos democratas em geral e porque o milionário terá que alternar entre os calendários eleitoral e judicial.

Mas o democrata de 80 anos terá que ajustar sua campanha se outro rival mais jovem e igualmente conservador surgir, como o governador da Flórida, Ron DeSantis.

Biden sabe que tem as estatísticas a seu favor e que os presidentes dos Estados Unidos costumam ser reeleitos se concorrerem a um segundo mandato. Uma tendência que não deve ser confiável, porque ele, devido a sua idade, é difícil de comparar com casos anteriores.

– Perigos externos –

Qualquer escalada com Pequim, por exemplo em torno de Taiwan, antes das eleições presidenciais afetaria a campanha de Joe Biden, que concentrou sua política externa na rivalidade com a China.

Além disso, embora o presidente americano tenha conseguido reunir os ocidentais e a opinião pública em torno da Ucrânia, ninguém sabe o que acontecerá em um ou dois anos. Especialmente desde que a oposição republicana, que controla uma das duas casas do Congresso, prometeu não emitir um “cheque em branco” para Kiev.

E há muitas outras ameaças, como a agressividade da Coreia do Norte e o programa nuclear iraniano.

– Economia –

Até agora, tudo indica que o crescimento da maior potência econômica mundial está desacelerando, mas sem disparar o desemprego.

Não se descarta uma recessão e, claro, os Estados Unidos continuam vulneráveis a um choque exógeno: um conflito internacional, uma nova pandemia, um choque energético, um cataclismo financeiro.

Tudo isso em um momento em que a oposição republicana pretende fazer de tudo para atrapalhar os projetos orçamentários de Joe Biden, a ponto de agitar o risco de default.

– Família –

Joe Biden sofreu vários lutos: a morte de sua primeira esposa e seu bebê em 1972, e a de seu filho mais velho, Beau, em 2015, devido a um câncer.

Hoje ele é muito apegado à família e à sua segunda esposa, Jill Biden.

Sua campanha dependerá em grande parte do apoio de seus familiares. E pode ser abalada por ataques a seu filho mais novo, Hunter, com um passado atormentado pelo vício e a quem os republicanos acusam de fazer negócios escondidos na Ucrânia e na China.

Seus dramas anteriores ensinaram Joe Biden a ter uma fé inabalável em suas habilidades e a desafiar as previsões sobre seu futuro político.

Mas também uma certa humildade: “Respeito muito o destino”, disse várias vezes nos últimos meses.