O italiano Josko Gravner é um produtor que vai atrás de seus ideias. Sua história no mundo de Baco traz diversos exemplos disso. A mais recente é deixar de elaborar vinhos como o Breg, um corte de diversas uvas brancas, como chardonnay e gewurztraminer, para se dedicar apenas a duas variedades autóctones do Friulli, a branca ribolla e a tinta pignolo. Sua história mais famosa foi deixar de elaborar de maneira tradicional seus rótulos bem pontuados pela crítica especializada para começar a descobrir as ânforas e uma maneira, digamos mais pura, de fazer seus vinhos. Hoje, ele tem 46 potes de terracota, de tamanhos diversos, e abandonou por completo toda a tecnologia de sua vinícola.

“O vinho industrial não me interessa”, afirmou ele, em degustação promovida pela Decanter, a importadora que traz seus vinhos, hoje cultuados, ao Brasil. Foi sua primeira viagem a nosso país, no qual ele mostrou uma paciência ímpar para narrar sua trajetória, defender seus pontos de vista e conquistar nossos apreciadores para seus vinhos. Quem sabe até um fã clube – hoje, Gravner tem grupos de fãs na Itália e no Japão.

De fala mansa, Gravner conta que ao visitar a Domaine de la Romanée Conti, na Borgonha, percebeu a importância de ter um bom terroir – que ele também tem. E ao visitar a Califórnia deu-se conta de como o vinho poderia ser um produto industrial, um caminho que não queria seguir. As respostas às suas inquietações estavam na Georgia, o berço do vinho antigo, de onde ele importou suas primeiras ânforas. Fez seu primeiro branco em ânfora em 1997, com a uva ribolla, e desde 2001 só elabora a bebida nestes potes de terracota, que são enterrados em sua vinícola. Ele também aboliu os produtos químicos, a irrigação e a filtragem da bebida.

O resultado são brancos da cor âmbar, que ganham o apelido de vinhos laranja. Gravner não gosta do termo “orange wines”, como seus vinhos foram batizados nos Estados Unidos. Ao fermentar em contato com as cascas, os vinhos brancos ganham uma cor mais âmbar. São também vinhos complexos, muito persistentes e diferentes. Gastronômicos, sem dúvida. Vale conhecer e se deliciar com eles, apesar do preço. Tanto o Gravner Ribolla Gialla 2005 como o Gravner Breg 2006 custam R$ 433,20, na Decanter. E, acreditem, valem quanto custam! Pela qualidade e pela oportunidade de conhecer um estilo bem peculiar de vinho.