16/03/2016 - 0:00
Para quem ainda acredita que nem tudo está perdido no País, uma boa notícia: nos dois primeiros meses do ano, o número de operações de fusões & aquisições, investimentos de private equity e venture capital, chegou a 111 transações, entre anunciadas e concluídas, no valor de R$ 27,25 bilhões, de acordo com o Relatório Mensal Brasil elaborado pela Transational Track Record (TTR), em colaboração com a Merrill Corporation.
Em fevereiro as transações com valor divulgado somaram R$ 15,38 bilhões, um crescimento de 473% em relação ao mesmo mês de 2015 e 28% acima dos R$ 10,2 bilhões contabilizados em janeiro. O levantamento mostra que as transações envolvendo empresas do setor financeiro e de seguros registraram um crescimento de 31% em relação às ocorridas entre janeiro e fevereiro de 2015.
Segundo Ana Paula de Castro, vice-presidente para a América Latina da Merrill Corporation, em janeiro, os destaques foram a aquição aquisição do negócio de preservativos da Hypermarcas, Reckitt Benckiser, por R$ 675 milhões, e a conclusão da venda pela Energias do Brasil (EDP) de 100% da Pantanal Energética, no valor de R$ 390 milhões.
Já em fevereiro, a maior operação foi a compra do grupo Unisselvi, que pertencia à Kroton Educacional, pela brasileira Vinci Partners, em sociedade com a americana Carlyle, por R$ 1,1 bilhão.
Para Ana Paula, esses resultados se devem a uma somatória de fatores. Um deles, evidentemente, é que os ativos brasileiros estão atrativos para os investidores estrangeiros, em decorrência da valorização do dólar. Outro e o principal, ao seu ver, é o potencial do mercado, somado à qualidade das empresas brasileiras.
“Apesar da crise, há muitas empresas sólidas no País, que representam excelentes oportunidades de negócios para os investidores”, afirma. “Há uma convicção de que a despeito dos problemas políticos e econômicos, o Brasil não vai acabar.” Ela menciona, ainda, o amadurecimento empresarial, principalmente em relação à governança corporativa, bem como a entrada em vigência do novo Código Comercial, que garante a segurança jurídica para os investidores.
Os resultados do primeiro bimestre de 2016 confirmam a tendência de crescimento do volume de transações dos últimos anos. Em 2015, por exemplo, foram registradas 1017 operações, no valor de R$ 241,5 bilhões, contra 976 efetuadas em 2014, que totalizaram R$ 157 bilhões. Um dos negócios mais vistosos do ano passado, foi a aquisição da hidrelétrica de Jupiá por um consórcio liderado pela China Three Gorges, por R$ 13,9 bilhões, no quarto trimestre.
Os chineses, aliás, figuraram entre os maiores investidores de 2015, com R$ 18,1 bilhões, superados apenas pelos americanos com R$ 18,9 bilhões. Em terceiro lugar, vieram os capitais de Cingapura, com R$ 4,3 bilhões. “Definitivamente, os estrangeiros não desistiram do Brasil”, diz Ana Paula.
Ela acredita que esse movimento continue em 2016 e 2017, a julgar pelas demanda de grandes grupos internacionais como o Carlyle, General Atlantic e KKR pelos serviços de empresas como a Merrill Corporation, especializada em plataformas de tecnologia para compartilhamento de informações para processo de fusões e aquisições de empresas.”É um pessoal que não rasga dinheiro”, afirma. Para Ana Paula, os grandes alvos do próximo período serão empresas de setores como agronegócio, tecnologia, infraestrutura e varejo.