Por séculos, os padres foram procurados para prestar auxílio religioso, moral e todo o tipo de orientação. O Papa Francisco levou esse papel de conselheiro um pouco além: agora, representantes da igreja também indicam investimentos financeiros de acordo com os dogmas católicos.

A simbiose entre religião e mercado não é novidade, informa a CNN. Há décadas, investidores fiéis evitam se relacionar com empresas ou negócios que vão contra os princípios morais das suas crenças. A diferença é o incentivo do Vaticano aos chamados “investimentos de impacto”.

A nova modalidade defende a aplicação de investimentos que revertam em bens sociais, como modelos cooperativistas, onde parte do lucro gerado é reinvestido na empresa, e outra é distribuída aos trabalhadores.

Desde 2014, o Vaticano realizou três conferências sobre investimentos de impacto, com o objetivo de ajudar as instituições católicas a entender como o capital privado pode ajudar os pobres. O último foi realizado em junho deste ano.

Na abertura do primeiro evento, o Papa Francisco afirmou que o mercado deve “servir aos interesses dos povos e o bem comum da humanidade.”

O seu incentivo despertou centenas de fiéis para a causa. Amit Bouri, CEO da Global Impact Investing Network, disse que tem visto o interesse crescente de grupos religiosos.

“As pessoas estavam sempre conscientes de que poderiam ficar longe de produtos e serviços com os quais não queriam se associar, mas estavam tentando descobrir formas de aplicar o capital de uma forma mais construtiva”, explicou o padre Seamus Finn, da OIP Investment Trust.

O fundo trabalha com mais de 200 organizações católicas e já aplicou US$ 50 milhões em investimentos de impacto. Um das iniciativas é a 8 Miles Fund, uma empresa de capital privado que apóia agricultores e outros negócios na África.

“Se você ajuda os agricultores a administrar suas terras, os retornos de produtividade são significativos em um efeito multiplicador. E isso beneficia o agricultor, sua família e a comunidade local”, disse Finn.