Teamgeist, eis o nome de sua senhoria. A ?Espírito de Equipe?, na tradução para o português, é a bola da Adidas para a Copa de 2006. Pesa 444 gramas. Leva 14 gomos de couro sintético, e não os tradicionais 32, desenvolvidos em 1970. É a primeira da história a não ser costurada ? suas partes são coladas. A bola ? certamente o mais visto dos personagens entre 9 de junho e 9 de julho, na Alemanha ? é um pequeno planeta bilionário, cercado de satélites alimentados por ela. A Adidas, a dona da redonda, teve faturamento de 6 bilhões de euros em 2005. Para 2006, com a venda das bolas e das camisas das seleções, estima-se alcançar o recorde de 10 bilhões de euros. Cerca de 12 mil unidades já foram enviadas às federações de futebol dos 32 países classificados para o Mundial – outras 6 milhões sairão das lojas de artigos esportivos. No Brasil, a Teamgeist oficial custa R$ 399.

?Trabalhamos com força total?, diz Masami Sakamoto, diretor da fabrica japonesa Molten, cuja filial da Tailândia foi designada pela Adidas para a fabricação da pelota. Ali, quase mil trabalhadores confeccionam cinco milhões de bolas anuais, aí incluindo as de basquete e voleibol. Em ano de Copa, a atenção aos fabricantes aumenta e com ela olhar vigilante típico do planeta globalizado e socialmente injusto: mais de 80% delas são feitas na região nordeste do Paquistão, em condições nem sempre adequadas. Este ano, transferiu-se a produção da bola oficial também para a Tailândia. A preocupação com denúncias antigas de trabalho infantil e descuido com o meio ambiente, gerou uma operação de guerra. Cientistas desenvolveram uma cola quimicamente menos agressiva aos pulmões dos operários. Novas instalações puseram as linhas de montagem na categoria ISO 14001. Afastou-se o trabalho das casas pobres, como costumava acontecer, de modo a seguir as regras do chamado Acordo de Atlanta, que impôs aos fabricantes esportivos limites muito rígidos na contratação de profissionais. ?Mesmo assim os salários pagos, de menos de US$ 50 ao mês, não são suficientes para garantir educação às crianças?, diz Barbara Schimmelpfennig, porta-voz da ONG Gepa.

80% das peças são feitas no Paquistão

 

R$ 399 é o preço da bola oficial no Brasil

 

12 mil unidades foram enviadas aos 32 países do Mundial

 

6 milhões de bolas Adidas serão vendidas em 2006

NEGÓCIOS DA COPA

Nos embalos de John Travolta

O que você lerá a seguir é a sério, não se trata de brincadeira: o ator John Travolta deve pilotar o jato que levará a equipe da Austrália à Alemanha para a Copa do Mundo. O Tony Manero dos Embalos de Sábado à Noite é garoto-propaganda da Qantas, a companhia de aviação australiana. Além disso, tem brevê há anos. Trata-se de uma jogada de marketing para promover a empresa e os Socceroos, o apelido da equipe da terra dos cangurus. Brasil e Austrália jogam no dia 18 de junho em Munique.

 
MONOPÓLIO POLÊMICO

Há uma grita contra o Comitê Organizador da Copa. O grupo Bertelsmann, terceiro maior grupo de entretenimento do planeta, tem o monopólio da venda de publicações a respeito do Mundial nas proximidades dos 12 estádios. Nem mesmo os jornais locais poderão vender revistas encartadas naquilo que se convencionou chamar de ?área de proteção?.

US$ 16,5 bilhões é o faturamento anual do grupo Bertelsmann