No Brasil, quem mais ganhou dinheiro nos últimos tempos apostou em renda fixa e colheu os frutos de uma das taxas de juros mais altas do mundo, certo? Errado. Estudo exclusivo elaborado pelo site Fortuna para DINHEIRO mostra que, nos últimos quatro anos, os fundos de ações e os multimercados proporcionaram os melhores retornos para os investidores. Todos superaram o ganho dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI), índice que serve de parâmetro para a renda fixa. No período analisado, o CDI registrou alta de 101,21%. Período que não foi dos mais tranqüilos para o setor. De março de 2001 a março deste ano, o mercado enfrentou racionamento de energia, sobe e desce da bolsa e do dólar, e uma eleição presidencial. Nesse prazo, quem aplicou no Índice da Bolsa de Valores de São Paulo ganhou 84,31%. Quem preferiu comprar dólar lucrou apenas 23,34%. ?O ranking mostra a qualidade dos gestores?, afirma o economista Marcelo D’Agosto, do Fortuna, autor do estudo. ?Esses fundos provaram que ganhar da renda fixa não é impossível?.

Dentre os mais lucrativos, as três primeiras posições ficaram com fundos que investem em ações de empresas que são boas pagadoras de dividendos. O campeão de rentabilidade foi o Mellon Income, fundo administrado pela Mellon Global Investments Brasil, com ganhos de 362,13%. De acordo com Eduardo Rezende, diretor de investimento da Mellon e gestor do Income, o fundo prioriza aplicações em papéis de empresas que, além de darem lucro, repartem o resultado com os investidores. ?Ao investir em empresas que têm valor, sofremos pouca influência do cenário político e econômico de curto prazo?, diz Rezende. Na carteira do fundo, há ações de setores como petroquímico, bancos, saneamento e varejo. ?Olhamos a empresa, o setor, a concorrência e o respeito aos minoritários?, diz Rezende. ?Assim, ganhamos nos momentos bons, o que não é vantagem alguma, mas também vamos bem nos períodos de baixa?.

Rentabilidade sem sustos para o cotista também faz parte da estratégia do BBM Dividendos, o vice-líder em rentabilidade, com ganhos de 359,17% nos últimos quatro anos. Lançado em 1998, o fundo é voltado para os chamados investidores qualificados, aqueles com aplicações acima de R$ 300 mil. ?Trata-se de um fundo para quem quer investir em bolsa, mas sem a volatilidade daquelas aplicações que têm como meta superar índices como o Ibovespa ou o IBX?, observa Rodrigo Noel, gestor do fundo que faz parte da carteira do banco baiano BBM. O portfólio é pequeno, com ações de oito a doze companhias, com concentração máxima de 15% em um só papel. ?Priorizamos empresas maduras, que não têm muitas dívidas e que pagam bons dividendos?, explica Noel. ?Elas sofrem menos com o sobe e desce da economia?.

Concentração também é a característica do Sudameris FIA Dividendos, que trabalha com uma média de 13 a 15 ações em sua carteira. Segundo a economista Sandra Petrovsky, gestora de renda variável do ABN Amro Asset Management, cerca de 75% do portfólio atual do fundo é formado por companhias dos setores petroquímico, mineração, siderurgia e bancos. ?Compramos papéis de empresas que estão saindo de um alto processo de investimento ou quitando dívidas pois podem vir a pagar bons dividendos no futuro?, afirma Sandra. É do Sudameris Dividendos a medalha de bronze no ranking dos melhores fundos, com uma rentabilidade de 343,71% nos últimos quatro anos. Trata-se de um excelente desempenho para um fundo de varejo, oferecido em qualquer agência do Sudameris (controlado pelo ABN Amro) e com aplicação mínima de R$ 1.000,00.

Na avaliação do economista Marcelo D’Agosto, do Fortuna, o bom desempenho alcançado por esses fundos serve para mostrar aos investidores que há boas opções de aplicação além da renda fixa. ?Hoje, 90% das pessoas físicas aplicam em fundos DI ou de renda fixa?, observa D’Agosto. ?Existem bons fundos geridos tanto por grandes bancos como por administradoras de recursos independentes. O importante é saber escolher qual deles se encaixa melhor no seu perfil?.