16/12/2015 - 8:00
O filme “Star Wars – O despertar da Força” estreia na próxima quinta, 17. Pouco se sabe sobre o enredo do último filme da saga, que é cercado de mistérios. É sabido somente que o truque de usar personagens místicos, inspirados nos Cavaleiros da Távola Redonda, os “Jedis”, permanece. E enquanto isso, os cofres dos produtores engordam em proporções astronômicas.
Segundo o pesquisador americano Chris Taylor, um dos mais conceituados estudiosos sobre o sucesso da saga, até aqui já se arrecadou US$ 42 bilhões na franquia Star Wars, um recorde. James Bond, o 007, e a sequência Harry Poter não chegaram somados à metade disto.
Taylor veio ao Brasil no começo de dezembro para lançar seu livro “Como Star Wars conquistou o universo – O passado, o presente e o futuro da franquia multibilionária”. Um calhamaço de 616 páginas, da editora Aleph, no qual o também jornalista, formado na universidades de Harvard e Columbia, explica o fenômeno. Veja os principais trechos da entrevista concedida por Taylor ao portal da DINHEIRO:
Por que a saga é um sucesso?
O ponto principal é diversão, entretenimento. Quando o primeiro filme surgiu, em 1977, a proposta era simples, de divertir, que o espectador não se sentisse culpado. E a história não se passava no Planeta Terra, não havia nada que estivesse ligado à história humana, à política. É um bom roteiro no estilo clássico, com uma pitada mística e alguns elementos religiosos, o que o torna uma fórmula de sucesso.
O fato de não ter nenhuma correlação com a Terra é relevante?
Sim, é importante. Lembre-se que a primeira coisa que vemos no filme é uma legenda que nos diz que a história se passa em uma galáxia muito, muito distante. Nenhum outro filme tinha usado essa fórmula, de explicar ser algo que nada tinha a ver conosco, sobre o qual não precisávamos nos preocupar.
A saga já não é mais circunscrita ao cinema, mas é uma franquia. Por quê?
Desde o começo a saga Star Wars foi concebida como uma franquia. Isto porque a primeira coisa que surgiu com os autores e produtores foi uma espécie de “novelização” do primeiro filme. O romance foi lançado em 1976, depois tornou-se HQ, e só um ano mais tarde surgiu o filme. Isto nunca foi feito antes.
Quanto se faturou até hoje com a saga?
A estimativa que fiz há dois anos é que se faturou algo em torno de US$ 42 bilhões. E isto obviamente aumentou. Somente esse ano é provável que se arrecade algo em torno de US$ 3 bilhões em bilheteria, e principalmente merchandising. Dos US$ 42 bilhões a que me referi, US$ 32 bilhões são de merchandising, que é como a Lucas Film e a Disney (estúdio) fazem de fato dinheiro. Para efeito de comparação, a série James Bond, que tem muito mais filmes, e Harry Porter não arrecadaram US$ 10 bilhões cada, incluindo bilheteria e licenciamento de marcas para produtos.
O que achou do último episódio, Star Wars – O Despertar da Força?
Só assisti cinco minutos do filme, mas o que vi me parece espetacular. O estilo original foi resgatado pelo diretor J.J. Abrams, e os atores da nova geração me parecem muito bons.
Um dos atores principais é negro…
Exatamente, o que me surpreendeu e é algo controverso porque se trata de uma história ocorrida em uma galáxia muito distante. Não há razão para se supor que existissem somente pessoas de raça branca na galáxia. E é muito bom que haja essa diversidade.
Por que o público é tão fascinado com a história e compra toda a sorte de produtos relacionados à saga?
Penso que durante aquelas duas horas, em cada episódio, as pessoas gostariam de ser parte daquela história, daquelas vidas. Existem tantas “tiradas” engraçadas a serem feitas, muito humor, o que facilita a venda dos produtos. Há uma identificação com o estilo de vida dos personagens, e ao comprar um produto sobre a série cria-se uma conexão interessante no imaginário das pessoas.
O Darth Vader, cujo semblante está na capa do seu livro, também tem uma identificação com o público?
Essa é a edição brasileira e acho que ficou fantástica, as pessoas pensam que se trata de um livro de uma história de terror. O interessante é que quando se idealizou o personagem Darth Vader, o seu criador, George Lucas, imaginou que o personagem seria muito aterrorizante ao público. E conseguiu. Um dos segredos é a voz que se criou para Vader, como se fosse um mergulhador falando dentro de sua máscara, sufocado, algo que cria muita identidade com o público, além, é claro, de todo o figurino.
O roteiro é chave para a imediata identificação da saga, de acordo com o seu livro. Por quê?
É como se fosse um espelho mágico. Cada pessoa, cada cultura no mundo, acredita fazer parte da “Aliança Global”, cujos inimigos são o “Império”. Mesmo nos Estados Unidos, as Forças Armadas são vistas pelo público como o “Império”. Mas o pessoal das Forças Armadas acha o contrário, que eles são a “Aliança”. Isto é, você será o que quiser ser, depende de você.
Quantos bonecos e objetos relacionados ao filme você tem em casa?
(Risos) Menos do que eu gostaria, mas muito mais do que a minha esposa permite. Mas há mais aficionados na série do que eu, com certeza.