05/06/2015 - 19:00
Para qualquer profissional, ficar dois anos afastado de sua atividade de trabalho pode ser o suficiente para perder o reconhecimento. No mundo artístico, esse hiato costuma ser ainda mais problemático. Mas nada disso afeta a apresentadora Xuxa, a gaúcha Maria da Graça Meneghel, uma das personalidades mais importantes da história da tevê brasileira. Uma aparição surpresa, na terça-feira 2, para cortar a fita de inauguração de uma clínica de depilação a laser, num shopping center de São Paulo, causou comoção, empurra-empurra e gritaria de parte dos fãs, que queriam tirar uma foto com a rainha dos baixinhos.
A aparição fazia parte de um anúncio da entrada de Xuxa como sócia na rede de franquias Espaçolaser, a maior do segmento de depilação a laser do Brasil. “Minha maior conquista é a credibilidade, a confiança que as pessoas têm no que eu falo dos produtos, negócios e serviços que eu venha a representar”, disse à DINHEIRO. “Temos visto, através de pesquisas, que a credibilidade na minha imagem é o meu ponto forte. Estou investindo na área de estética, beleza e bem-estar.” Atualmente, o mundo X original e mais bem sucedido – em comparação com o império do empresário Eike Batista, de empresas que levavam a letra X no nome e que acabaram sendo vendidas ou passando por processos de recuperação judicial – compreende seis empresas.
Elas atuam nas áreas de entretenimento, vestuário, licenciamento de produtos com a marca Xuxa, franquia de buffets infantis e comércio eletrônico (ver quadro). A Xuxa Produções é a holding que coordena esses negócios. Na área internacional, a Xuxa International fica responsável pela venda de produtos e campanhas publicitárias que atingem 17 países, na América Latina e inclui o mercado latino dos EUA. Segundo Xuxa, a expectativa é de que seu grupo de empresas feche 2015 com um faturamento de R$ 100 milhões. “A Xuxa ajudou no desenvolvimento do mercado de licenciamento no Brasil”, diz Sérgio Almeida, sócio e diretor de operações da iFruit, agência especializada em campanhas digitais com celebridades.
O investimento no mercado de beleza acontece num momento decisivo da trajetória da loira. Depois de um período afastada da programação da Globo, emissora na qual permaneceu por duas décadas, Xuxa estreará o seu novo programa na rival Record. Estima-se no mercado que ela receberá R$ 1 milhão de salário, terá participação no faturamento comercial do programa e ainda contará com espaço publicitário na grade para divulgar os seus produtos. A nova atração deve ir ao ar na segunda semana de agosto e se chamar Xuxa Meneghel. Será gravada ao vivo, e estará voltada para o entretenimento familiar. “Não haverá um quadro infantil”, disse Xuxa.
Segundo a dublê de apresentadora e empresária, pesquisas apontam que o público que atualmente segue a sua carreira com mais interesse é o de mulheres da faixa etária entre 30 e 40 anos. “É uma faixa premium de público consumidor, com grande influência nas decisões de compras em suas casas”, diz Almeida. “A marca Xuxa está muito estabelecida com os fãs que cresceram com ela, e vejo grande potencial dela ter sucesso com esse público. A maior dificuldade será que hoje a audiência de tevê está muito mais fragmentada, com a disputa com canais a cabo e a internet, do que quando ela começou.”
Essa mudança de alvo também justifica a sociedade na Espaçolaser. Xuxa deterá – juntamente com a holding de franquias SMZTO Participações, do empresário José Carlos Semenzato – 50% da rede. A outra metade fica com os sócios fundadores da Espaçolaser, que possui 46 unidades no Brasil, com faturamento de R$ 60 milhões, e que agora planeja ampliar mais velozmente os seus negócios. A expectativa é atingir, em cinco anos, a marca de 300 lojas e o faturamento de R$ 800 milhões, além de se internacionalizar, começando pelos EUA. “A entrada da Xuxa vai acelerar isso”, diz Ygor Moura, CEO e fundador da Espaçolaser.
“Ela quer partir para esse lado comercial e uma empresa como a nossa tem tudo a ver com o perfil dela.” Além de saciar parte do desejo de Xuxa por atuar na área de beleza, o negócio de franquias – que inclui a rede de buffets infantis Casa X, também em parceria com a SMZTO – terá uma outra função especial dentro do grupo X. Segundo a apresentadora, é esse negócio que vai compensar a receita perdida com a área de álbuns musicais e filmes. Nos anos 1980 e 1990, na era da fita K7, do disco de vinil, do VHS e do CD, Xuxa foi uma das maiores forças de vendas para a indústria musical, um mercado que perdeu força com a explosão da internet, nas últimas décadas.