23/11/2005 - 8:00
Que nome vem à mente quando se pensa em exploração de petróleo no Brasil? A resposta imediata é Petrobras. Mas desde que o governo acabou com o monopólio da estatal, em agosto de 1997, e permitiu a entrada da iniciativa privada nos investimentos do setor, entraram para a lista pelo menos mais 60 companhias, muitas nacionais. Entre elas estão marcas que daqui a poucos anos também devem estar mais presentes na lembrança das pessoas e nas estatísticas de exploração e produção de petróleo do País. Algumas acabaram de chegar ao mercado, como a capixaba Vitória Ambiental, que arrematou o seu primeiro bloco para exploração de petróleo há cerca de um mês.
Outras, como Aurizônia Petróleo, PetroRecôncavo, Sinergy e Starfish podem comemorar a extração dos primeiros barris comercializáveis. ?O mercado nacional é a primeira alternativa, mas espero que possamos exportar daqui a alguns anos?, planeja Kensaku Saito, presidente da Aurizônia, que desde 2002 vem adquirindo pequenas áreas de exploração de petróleo e gás nos leilões da Agência Nacional do Petróleo, a ANP. Só em 2003, a empresa investiu R$ 2,5 milhões para arrematar seis áreas na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte. ?O plano é investir mais US$ 10 milhões nos próximos anos?, afirma Saito. No ano passado, a companhia descobriu petróleo em Mossoró, no Rio Grande do Norte. De lá, já começou a extrair 400 mil barris diários de óleo leve, um tipo de petróleo fácil de ser comercializado porque dispensa parte do custoso processo de refino. ?Também estamos começando a produzir em outros dois poços e em breve ampliaremos a nossa capacidade para 1,2 mil barris diários?, comemora.
Esse otimismo tem razão de ser. Nos últimos sete anos, o setor de petróleo cresceu 320% no Brasil. Entre 1997 e 2004 foram investidos US$ 40 bilhões em exploração e desenvolvimento da produção de petróleo brasileira, segundo a ANP. E a atratividade aumenta com a instabilidade das cotações do barril no mercado internacional. ?A disparada do preço melhorou e muito a nossa rentabilidade?, avalia Rafael Doria, presidente do Conselho da Starfish Oil & Gas, que apenas no leilão deste ano arrematou mais nove blocos para exploração, alguns em associação com a própria Petrobras. ?A extração em pequenos poços só é atrativa com o barril acima dos US$ 30?, disse Doria, que não descarta uma abertura de capital em breve e prevê investimentos da ordem de R$ 34 milhões para os próximos anos.
A Starfish é uma sociedade anônima com 74 acionistas especializados no setor de petróleo e nenhum tem mais de 10% do controle da companhia. Ela foi fundada por cinco amigos, todos engenheiros ou ex-engenheiros da Petrobras. É esse grupo, capitaneado por Rafael Doria, que bate o martelo nas decisões mais importantes da companhia. ?Nos EUA, de 30% a 40% da produção vem de pequenas empresas de petróleo. O Brasil caminha para o mesmo destino?, afirma Fábio Chiabai, da Vitória Ambiental. Foi esse otimismo que o levou a investir R$ 20 mil para arrematar um único bloco de exploração terrestre no Espírito Santo no último leilão da ANP. ?Agora vamos investir mais R$ 750 mil para analisar a área e buscar parceiros para os investimentos em exploração?, disse. Ele estima que para cada área de perfuração sejam necessários ao menos R$ 3 milhões. ?O total dos investimentos dependerá do potencial do bloco?, explica. Mas essa busca por sócios já não é mais problema para a Sinergy, empresa de petróleo do grupo Marítima. Foram eles que deram o pontapé inicial para a entrada dos brasileiros no promissor mercado de petróleo brasileiro e hoje atuam em parceria com os principais gigantes do setor. ?O nosso sucesso ajudou a atrair novas empresas?, vangloria-se o diretor de exploração Flávio Barreto Mach, que planeja investir US$ 60 milhões nos próximos dois anos. ?O Brasil não pode dispensar a participação das pequenas e médias empresas?, lembra o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima. Se depender das empresas, essa não será o problema.