No começo de janeiro o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, sancionou uma lei que proíbe na cidade bares, restaurantes e afins, e também as lojas e supermercados a oferecerem e venderem copos, facas, garfos, mexedores de bebidas, pratos e varas para balões, aqueles de amarrar a bexiga. Essa lei já foi aprovada pela Câmara, no ano passado, bem como a lei que proibia canudos plásticos na cidade. Estas empresas comerciais terão que se adequar à lei dos copos e garfos plásticos até o começo do ano que vem e, após esta data, iniciarão as fiscalizações e as multas. Veja o projeto de lei (http://documentacao.saopaulo.sp.leg.br/iah/fulltext/projeto/PL0099-2019.pdf).Temos outras cidades e estados que também já proibiram o canudinho plástico e estão neste caminho de banir os plásticos que são utilizados somente uma vez só.

Esta é uma transição necessária para minimizarmos o impacto ambiental dos nossos resíduos que não são tratados de uma forma correta. Um estudo do Fundo Mundial para a Natureza, a WWF, de 2019, mostrou que o Brasil é o quarto produtor de lixo plástico, no mundo, e apenas 1,2% é reciclado. E a própria Prefeitura de São Paulo apresentou que 16,9% do material que é levado para os aterros é plástico e que 635 mil toneladas deste componente são coletadas das casas, por ano. Um impacto significativo que foi simplificado em alguns posts, bem como o famoso vídeo da tartaruga com o canudo no nariz ou as ondas de plástico do mar.

Sabemos da importância e a necessidade atual do plástico. Há exemplos importantes do seu uso, como diminuir a contaminação de alimentos em alguns segmentos de mercado. Na área médica, é também fundamental por esta razão. Porém, temos muita tecnologia e outras formas inovadoras de trabalhar com a temática. Vários outros componentes como mandioca, batata, sobras e cascas de vegetais estão sendo testados nestes tipos de materiais. Sabemos que agora temos que lidar com a escalabilidade, custos e distribuição.

Toda mudança gera desconforto e preocupações, porém, neste caso é necessária. Temos que nos juntar para discutir qual é a melhor forma de transição, quais os passos, quais são os movimentos. Para isso temos as assembleias e câmaras legislativas. E também as várias associações de empresas, de profissionais e de ativistas. Transformar estas discussões em ações é fundamental; e em lei, mais ainda.

A reinvenção e a utilização desses novos paradigmas são oportunidades para novos empreendedores também. As análises de macroambiente e tendências de consumo e pensamento não são somente para as empresas novas ou startups entenderem para aonde o mercado está indo e enxergar um problema a ser resolvido. Estas análises são fundamentais também para as empresas que já estão no mercado se prepararem para as mudanças e transformações da sociedade. E tudo isso exigirá aquela palavra que está “super batida” que é inovação. O importante é utilizar o desenvolvimento sustentável como base para esta inovação. Se você está precisando entender melhor quais são os problemas atuais da sociedade e do mundo, sugiro conhecer os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Muitas empresas, governos e sociedade civil estão utilizando os ODS e as suas 169 metas como base para estas megatendências de mercado. Um exemplo atual é a grande Ambev que acaba de anunciar, em janeiro, uma meta para até 2025 com 100% das embalagens plásticas feitas de material reciclado. E também grandes investidores estão buscando soluções e formatos diferentes para gerar um impacto positivo. O CEO da BlackRock, uma referência no mercado de investimento, colocou estes dias numa carta a importância da sustentabilidade também nas decisões financeiras e de investimento.

A inovação para sustentabilidade não é mais um diferencial, a responsabilidade social e ambiental não são uma opção. Tudo isso cada dia mais está sendo questão de sobrevivência do negócio. Comece a pesquisar, aprender e renovar com estes conceitos.

* Marcus Nakagawa é professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: Marketing para Ambientes Disruptivos e 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo (Prêmio Jabuti 2019).

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