O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quer começar a reativar a economia do país, atingido pela pandemia da COVID-19, mas seu plano não estabelece um cronograma específico.

– Um processo lento e desigual –

Nas últimas quatro semanas, mais de nove em cada dez residentes nos Estados Unidos foram orientados pelas autoridades a permanecer em casa para conter a disseminação do novo coronavírus, declarado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março.

O cancelamento das atividades gerou uma crise econômica que causou a perda de 22 milhões de empregos nos Estados Unidos e levou o país à pior recessão desde a Grande Depressão de 1929.

Trump, que tentará a reeleição em novembro, sonhava com uma reabertura em massa e generalizada para a Páscoa.

Mas as diretrizes anunciadas pela Casa Branca na quinta-feira deixam claro que o retorno à vida cotidiana será lento, cauteloso e diferente para cada região, com cada um dos 50 estados decidindo quando e como será o fim do confinamento da população e a reabertura de empresas, lojas, restaurantes e escolas.

Na região industrial dos Grandes Lagos, mais afetada, vários estados estão prevendo reaberturas parciais em duas semanas.

Em Michigan, a governadora disse que espera “avançar alguns passos em 1º de maio”.

Não é o caso de Nova York, o epicentro do surto de COVID-19 nos Estados Unidos, com 15.000 mortes, quase metade de todas as vítimas, onde a ordem de confinamento durou até 15 de maio.

Também não está pronta a capital federal Washington, cuja área metropolitana inclui os estados de Maryland e Virgínia, que espera um “pico” de infecções na próxima semana e anunciou que as escolas não serão reabertas pelo restante do ano letivo.

Em um ano eleitoral atípico, a política também fará sua parte. Estados governados por republicanos do tipo Trump podem retomar a atividade normal mais cedo do que os dirigidos pelos democratas da oposição.

Atualmente, um movimento próximo à base de direita de Trump surgiu com pedidos para encerrar as quarentenas e voltar ao trabalho.

Em carreatas e às vezes armados com rifles, os manifestantes fizeram protestos em vários estados, incluindo Virgínia, Michigan, Minnesota, Carolina do Sul, Kentucky e Ohio.

Iniciativas semelhantes foram convocadas para sábado em Concord, New Hampshire e Austin, Texas.

Trump apoiou os manifestantes nesta sexta-feira, escrevendo no Twitter a mensagem “LIBERTEM-SE” dirigida a Virgínia, Michigan, Minnesota, três estados governados pelos democratas que podem ser fundamentais para definir quem vencerá as eleições presidenciais em 3 de novembro.

No entanto, pesquisas mostram que a grande maioria dos americanos prefere esperar para reabrir a economia.

Os consultores médicos temem que o afrouxamento prematuro das restrições permita o ressurgimento do vírus, causando mais danos econômicos.

Existem várias áreas cinzentas nas diretrizes da Casa Branca, mas uma coisa é certa: haverá um “novo normal”, com ordens de distanciamento social em locais públicos e restrição de multidões por um tempo.

De acordo com as diretrizes, viagens não essenciais devem ser evitadas nas áreas mais problemáticas, mas não está estabelecido como proceder com viagens entre estados, o que poderia causar novos focos infecciosos.

Também não está claro quando e como serão retomadas as viagens para o exterior.

Por esse motivo, os especialistas garantem que a realização maciça de testes de diagnóstico e o rastreamento dos contatos das pessoas infectadas continuem sendo essenciais.