12/04/2006 - 7:00
O relógio marca 11 horas e Paolo Zegna, diretor executivo da italiana Ermenegildo Zegna, ainda não chegou. A entrevista, com o horário apertado – ?o senhor Zegna tem uma agenda muito ocupada?, diz uma de suas assessoras – atrasa. Enquanto ele não chega, um passeio pela loja da grife, no shopping paulistano Iguatemi, revela o que a marca representa para o universo do vestuário masculino. Ternos cujos preços passam facilmente dos R$ 4 mil, jaquetas bem cortadas, camisas com caimento perfeito e uma infinidade de acessórios, um ao lado do outro. Sapatos, cintos, carteiras e malas aparecem para onde quer que os olhos apontem. Para um leigo, é apenas mais uma loja. Um pouco mais de atenção e percebe-se a estratégia criada pela grife ao longo de nove décadas ? uma diversificação de produtos que originaram de uma tecelagem em Trivento, no norte da Itália. Trinta minutos depois, Paolo aparece. ?Desculpe o atraso, estávamos sobrevoando a cidade de olho em novos pontos?, disse à DINHEIRO, Paolo Zegna, neto do fundador da marca e comandante do conglomerado que faturou 713 milhões de euros em 2005.
O segredo da caça por endereços em São Paulo, entregue simpaticamente pelo ?capo di Zegna?, é logo consertado por Daniel Brett, o representante da grife no Brasil. ?Não há nada?, desconversa. ?Só estamos estudando algumas possibilidades?. A julgar pelo crescimento do mercado de luxo e pela operação Ermenegildo Zegna no Brasil não é de se duvidar da investida dos italianos. Dados da consultoria MCF Fashion apontam que o setor do bem viver cresce 35% ao ano e movimenta US$ 2,2 bilhões no País. Somente a Zegna, com três lojas ? duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro – cresce 30% ao ano. É um dos dez maiores índices de crescimento da grife no planeta. Outro fator que faz a grife olhar o País com bons olhos é a quantidade de brasileiros comprando Zegna no exterior. ?Aumentou em 50%?, diz Paolo. Quem conhece a trajetória da marca sabe que os executivos não dão ponto sem nó. ?Enxergamos adiante dos demais?, diz Paolo. Quando ainda nem se falava no mercado asiático, a grife já vendia seus ternos na região. Inaugurou a primeira loja na China em 1991 e hoje já tem 50 pontos de venda. ?É um mercado que cresce 55% ao ano?.
Os Zegna também foram os primeiros a lançar o serviço de ternos customizados. E, recentemente, anunciaram uma sociedade com o respeitadíssimo estilista Tom Ford, aquele mesmo que tirou a Gucci do buraco. Isso mostra, segundo analistas de mercado, que, apesar de ser uma empresa familiar, a grife é extremamente profissional. ?Eles comandam toda a cadeia de produção?, diz Ricardo Minelli, ex-diretor da Daslu Homem e analista da M+B consultores em varejo. É esse, com certeza, o diferencial da empresa. Controlando todas as etapas, conseguiu manter a qualidade dos produtos vendidos. Perfumes, acessórios em couro, óculos, roupas e tecidos levam o dedo dos Zegna e são reconhecidos ao redor do mundo. Detalhe: 86% de toda a produção é exportada. ?É a marca masculina mais respeitada do planeta?, diz Minelli.
713 milhões de euros é quanto a grife faturou em 2005