09/12/2009 - 8:00
Adriana Mattos
Nos primeiros jogos do campeonato brasileiro de futebol, times como Vasco, Ponte Preta, Guarani, Náutico e Vitória da Bahia ficaram sem fornecedores de material esportivo. A situação ficou tão crítica que alguns clubes entraram em campo com uniformes improvisados. Em agosto, em partida válida pela primeira divisão, o Vitória enfrentou o Fluminense com meiões emprestados pelo Vasco.
Isso aconteceu porque a Champs, fabricante de roupas esportivas, abandonou seus patrocinados no meio da competição. Foi aí que Liliana Alfieri, neta do fundador da empresa que tornou famoso seu sobrenome, teve uma ideia. Ela não só iria patrocinar as equipes que tinham sido lesadas como abriria lojas que trouxessem na fachada o nome desses clubes. O projeto faz parte de uma intensa reformulação por que passa a empresa. Aquela Lupo, que comercializava apenas meias finas e esportivas, não existe mais.
O produto, que durante 60 anos dominou a linha de produção da marca, hoje corresponde a pouco mais da metade de seu faturamento. E a tendência é sua participação diminuir, diante dos projetos que Liliana tem em mente. Entre eles, apresentados com exclusividade à DINHEIRO, estão o lançamento de peças como biquínis, algo jamais realizado pela companhia.
A empresa quer fechar uma dezena de acordos de fornecimento de artigos esportivos para times de futebol nos próximos anos
“Corríamos o risco de envelhecer com o tempo. Mudamos para não perder a força ”
Liliana Alfieri, presidente do grupo
A companhia já fechou parcerias com o Guarani e o Oeste Paulista, ambos do interior de São Paulo, o Coritiba, do Paraná, e o Náutico, de Pernambuco. Nas próximas semanas, vai anunciar um novo acordo de fornecimento de uniformes para o Ceará. As lojas serão instaladas, preferencialmente, nas cidades de origem dos clubes. Não é uma batalha fácil.
O mercado é dominado por gigantes como Adidas, Nike e Reebok, grifes que priorizam times grandes da primeira divisão. É para fugir dessa concorrência que a Lupo procura equipes de menor expressão. Até que as novas lojas saiam do papel, a Lupo vai ter um espaço específico, dentro dos seus pontos de venda maiores, para comercializar os artigos dos clubes. E isso já no começo de 2010.
O futebol se tornou a maior prioridade da empresa. Como há sinal de demanda forte no próximo ano, a companhia deu os primeiros passos para construir uma nova fábrica na sede em Araraquara (SP), apenas para a produção de linhas ligadas ao esporte. A unidade deve ficar pronta em 2011. É parte do projeto de fortalecimento da empresa e, por tabela, da marca, que já tem um novo logo desde o dia 1º de dezembro.
Neste mês, os pontos de venda da marca começam a receber um outro logotipo para a fachada. Serão gastos R$ 20 milhões em marketing para divulgar a mudança. Para alguns analistas, essa diversificação só é válida se ela estiver alinhada com a referência inicial que os consumidores têm da marca. “Precisa ser uma extensão natural do que a empresa já produz e pelo qual ela já é lembrada”, diz o especialista Jaime Troiano. Se atingir a meta de faturar quase R$ 450 milhões em 2009, a Lupo terá crescido 18% no ano. Trata-se de um belo gol.