06/08/2003 - 7:00
Para eles, é como se o tempo não passasse. Os primeiros relógios mecânicos foram criados por volta de 1300. São peças que atravessam gerações. Transformaram-se em ícones da relojoaria, reverenciados como tesouro. No próximo dia 5 de agosto, a Cartier os homenageará em São Paulo diante de um seleto grupo de colecionadores. Um modelo mecânico será aberto e escrutado diante de olhos rigorosos. É um instante raro, uma lição de anatomia no pai de todos os relógios. DINHEIRO teve acesso ao que se passa no coração de uma dessas peças de arte e tecnologia. ?São os mais complicados que existem?, diz Adilson Peixoto, diretor da Cartier.
Para criar um único relógio mecânico demora-se de um a dois anos. Da linha de produção da marca saem apenas 500 peças por ano. A chamada coleção Privée Cartier Paris é trabalhada por somente cinco profissionais de mãos refinadas. ?Ninguém mais pode mexer nas peças?, diz Véronique Claverie, gerente de produto da Cartier. O material usado na confecção de um mostrador mecânico é o da mais alta qualidade. Os rubis reduzem o desgaste da engrenagem. Um latão polido protege contra a dilatação causada pela temperatura. O frio pode atrasar o relógio, e o calor adiantar os ponteiros. As caixas da peça são geralmente produzidas em platina, ouro amarelo, ouro branco ou rosa ? excelentes condutores de eletricidade. Além da fabricação artesanal, a principal diferença entre o relógio mecânico e os demais é o modo como funciona. Para que os ponteiros se movam é preciso girar a coroa e dar corda. É ela que vai gerar energia para o relógio e assim transportá-la para todas as engrenagens da peça. Em média, a energia dura por 40 horas. Já um exemplar automático precisa estar apenas no pulso de alguém. A corda é acionada pelo movimento de vai e vem do braço de seu dono. O relógio de quartzo é mais simples ainda. Basta uma bateria para que o tic-tac seja escutado. ?Nada comparável a um modelo mecânico?, diz Peixoto.