Receber prêmios pelos rótulos que elabora no município pernambucano de Lagoa Grande, no Vale do São Francisco, tem se tornado uma constante na vida de enólogo português Ricardo Henriques, diretor técnico da vinícola Rio Sol. Foi assim na premiação Wines of Brasil 2022, quando 36 jurados escolheram seus favoritos entre 2.703 vinhos inscritos, de 284 vinícolas. A vinícola criada em 2003 por sócios do Brasil e de Portugal e que hoje pertence ao grupo Global Wines, com sede no Dão, obteve 14 prêmios, entre eles seis medalhas de ouro. Detalhe: todos eles haviam sido premiados anteriormente em diferentes concursos. Para André Arruda, diretor da Rio Sol, as conquistas são resultado do esforço e dedicação em produzir vinhos únicos e com qualidade, “provando que as vinícolas brasileiras são capazes de oferecer rótulos surpreendentes”. Como o portfólio da vinícola é inferior a 20 rótulos, a maior parte do que ela produz mereceu destaque.

“A Rio Sol se posiciona apenas no segmento de vinhos finos e trabalha o mercado de gama média a média alta”, afirmou o enólogo Henriques. “Temos alguns rótulos premium que se posicionam em uma faixa de preço superior, mas a espinha dorsal do nosso trabalho é de vinhos para o dia a dia, com custo-benefício muito bom.” Segundo ele, os mais em conta chegam ao consumidor final por cerca de R$ 30, enquanto os mais sofisticados são vendidos na faixa de R$ 200. Ainda que elabore também espumantes, brancos e rosados com as uvas que nascem no semiárido, em vinhedos irrigados com água do Velho Chico, são os tintos que têm obtido as melhores notas dos jurados. Um deles, inclusive, é feito com a variedade portuguesa Touriga Nacional. Trata-se de um Gran Reserva que custa em torno de R$ 80 e pode entregar mais na taça que alguns representantes de seu país de origem vendidos no Brasil a preços bem mais altos. Toda a matéria-prima provém de vinhedos próprios, que somam 140 hectares. O plano é ampliar a área plantada em até 15 hectares ainda este ano.

INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIA A expansão dos vinhedos atende ao objetivo de ampliar a produção sem depender de fornecedores de uva, já que a Rio Sol tem registrado crescimento médio anual de 20%, tanto em volume quanto em faturamento. As exportações respondem por menos de 10% do total engarrafado. O Vale do São Francisco passou a ser uma Indicação de Procedência (IP) para vinhos. Segundo o diretor da Rio Sol, a tendência é que haja maior reconhecimento da qualidade dos rótulos da região. Isso porque, para obter o selo da IP, os vinhos precisam seguir parâmetros da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) e passar por um comitê de avaliação. “Isso irá passar confiança para o consumidor”, afirmou Henriques.