A Otan planeja reforçar sua presença militar no leste da Europa para responder à ameaça russa, que se tornou “o novo normal” no continente, disse nesta quarta-feira (16) o secretário-geral da organização transatlântica, Jens Stoltenberg.

“Aumentamos […] nossa presença no leste e planejamos aumentá-la ainda mais. A Romênia está pronta para sediar uma força-tarefa, a França está pronta para liderá-la e vários aliados querem participar dessa força multinacional, mas nenhuma decisão foi tomada, nenhuma decisão final”, disse Jens Stoltenberg após uma reunião dos ministros da Defesa da Otan em Bruxelas.

“Para garantir a defesa de todos os aliados, estamos destacando forças terrestres adicionais na parte leste do território da Aliança e recursos marítimos e aéreos adicionais […] e aumentamos o nível de preparação de nossas forças”, explicaram os ministros numa declaração conjunta adotada por unanimidade.

“As medidas que tomamos são e continuarão sendo preventivas, proporcionais e não constituem uma escalada. Estamos prontos para fortalecer ainda mais nossa posição defensiva e dissuasiva para enfrentar qualquer eventualidade”, acrescentaram.

A Otan observa “a manutenção de uma força de invasão maciça (russa) pronta para atacar” nas fronteiras da Ucrânia, enfatizou Jens Stoltenberg.

O encarregado denunciou “a nova normalidade para a segurança” na Europa imposta pela Rússia, que consiste em “contestar os princípios fundamentais com o uso da força, especialmente o direito de um país soberano escolher suas alianças e o direito dos aliados de se defenderem.”

“Moscou concentrou forças para tentar intimidar e fazer com que suas demandas fossem aceitas. Não sabemos o que vai acontecer, mas a Rússia já mostrou no passado que estava disposta a usar a força”, ressaltou.

“Não estamos esperando que os eventos aconteçam”, insistiu.

“O fato de a Rússia estar reunindo tropas e ameaçando países independentes e aliados é em si muito sério”, alertou.

“Isso nos obriga a fazer ajustes (das capacidades de defesa) a longo prazo. Mas temos tempo para pensar sobre isso”, disse ele.

Essa será uma das questões que serão discutidas na cúpula da Otan em Madri, nos dias 29 e 30 de junho.

“É importante enviar sinais claros de que a região leste é importante para nós e que temos uma visão clara do que precisa ser protegido”, disse a ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, ao chegar à sede da Otan.

“Não devemos fazê-lo na situação atual, mas após um exame minucioso”, acrescentou.