26/07/2021 - 10:38
Por Ossian Shine
TÓQUIO (Reuters) – O Japão encontrou mais ouro nesta segunda-feira, com o sentimento em relação à Olimpíada de Tóquio 2020, adiada em um ano por causa da pandemia, parecendo ter mudado, e com torcedores locais desafiando organizadores para dar uma olhada nos Jogos.
Momiji Nishiya, 13 anos, levou a medalha de ouro no skate street –novidade na Olimpíada em Tóquio–, e, em um dos esportes mais emblemáticos dos Jogos, uma “Exterminadora” caçou a dominadora fazendo a piscina pegar fogo.
Amor e risadas tomaram conta da arena de esgrima, onde uma proposta de casamento foi aceita uma década depois de uma primeira recusa, mas os sorrisos foram menores no boxe porque o sonho do refugiado Eldric Sella de competir nos Jogos Olímpicos durou 67 segundos.
Em sua quarta Olimpíada, o britânico Tom Daley finalmente ganhou o tão esperado ouro quando, ao lado do seu novo parceiro Matty Lee, arrancou uma vitória impressionante na plataforma sincronizada de 10 metros nos saltos ornamentais masculinos, encerrando o domínio da China ao evento.
Daley disse a repórteres que a representação LGBTQ+ nos Jogos pode mudar vidas.
“Quando eu era um garotinho e me sentia um estranho e me sentia diferente e sentia que eu nunca seria nada porque quem eu era não era o que a sociedade queria que eu fosse, e ser capaz de ver a comunidade LGBT atuando nos Jogos Olímpicos é – espero que dê esperança às crianças”, disse.
Na piscina, Ariarne Titmus fez jus à alcunha de “Exterminadora” ao se recuperar da desvantagem inicial contra a norte-americana Katie Ledecky para vencer a final dos 400m nado livre e jogar gasolina na rivalidade entre Austrália e EUA na piscina.
“Eu não acredito, estou tentando conter minhas emoções”, disse Titmus.
A equipe norte-americana masculina venceu o revezamento 4×100 metros, e Adam Peaty rugiu de orgulho ao se tornar o primeiro nadador britânico a defender um título olímpico ao levar a medalha de ouro nos 100 metros nado peito.
As finais da natação, realizadas de manhã em Tóquio para alcançar a principal audiência da televisão dos Estados Unidos, foram realizadas em um centro aquático quase vazio. Os espectadores foram proibidos pelas restrições contra a Covid-19.
Locais desafiaram os organizadores e se reuniram na rota do triatlo, aproveitando uma rara oportunidade para ver a competição ao vivo nos Jogos atingidos pela pandemia.
GAROTINHA SKATISTA
Organizadores relataram 16 novos casos de coronavírus relacionados à Olimpíada na segunda-feira, levando o total a 148.
O apoio ao primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, caiu nove pontos, para 34%, o menor nível desde que ele chegou ao poder, segundo uma pesquisa na segunda-feira, e as preocupações pela Covid-19 ofuscaram suas esperanças de usar a Olimpíada para reforçar sua aprovação antes da eleição deste ano.
Mas a imprensa japonesa estava repleta de sucesso olímpico.
A capa do Yomiuri Shimbun, um dos maiores jornais do mundo em circulação, colocou fotos dos irmãos Abe, campeões olímpicos no judô, da nadadora Yui Ohashi e do skatista Yuto Horigome, com a palavra “Ouro” abaixo de cada um dos seus nomes.
A jovem skatista Nishiya com certeza estará nas capas agora.
“Eu comecei a chorar porque estava muito feliz”, disse Nishiya, descrevendo o momento em que ela percebeu que havia ganhado o ouro.
A sua vitória colocou o Japão brevemente no topo do quadro de medalhas, com seis ouros, ao lado da China e dos Estados Unidos. A equipe norte-americana então passou Japão e China ao conquistar a sétima medalha dourada.
(Por Simon Evans, Aaron Sheldrick, Martin Petty, Mari Saito, Linda Sieg, Makika Yamazaki e Karolos Grohmann)