Os contratos futuros de ouro e prata operam em forte alta e bateram novos recordes no pregão de segunda-feira, 13. No caso da prata, o contrato futuro mais líquido fechou a US$ 50,13, o nível mais alto já registrado em Nova York, superando com sobra o recorde anterior de US$ 48,70 por onça. Já o ouro superou os US$ 4.100 a onça pela primeira vez. No ano, o ouro acumula valorização de mais de 56% e a prata, de mais de 80%.

+ Quais investimentos continuam isentos de IR e quais alíquotas seguem valendo?

Segundo analistas, a alta é impulsionada pelo aumento das tensões entre Estados Unidos e China. Na sexta-feira, 10, o presidente americano Donald Trump chegou a ameaçar impor uma tarifa de 100% sobre os produtos chineses enviados aos EUA.

Mesmo que Trump tenha recuado no discurso e postado, em sua rede social, que seu objetivo não é prejudicar a China, a visão é de que a troca de mensagens pode ser um indício de uma nova escalada na guerra comercial, após um período relativamente calmo.

Com a tensão entre EUA e China voltando à cena, nem mesmo o cessar-fogo em Gaza foi suficiente para trazer alívio aos preços.

Mas não é de hoje que essa valorização acontece. Além da percepção de maior risco geopolítico, a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) reduza mais os juros na próxima reunião, que acontece na última semana de outubro, é mais um fator a sustentar os preços do ouro e da prata.

E há um movimento mais amplo, de perda de valor das moedas tradicionais. “O ouro subiu mais de 18% desde o início de setembro e mais de 2% só no dia de hoje. O movimento tem muito a ver com um processo de ‘desplugue’ das moedas fiat [moedas fiduciárias], com os investidores institucionais aumentando posição em reservas reais, como ouro e prata em contrapartida de moedas emitidas por bancos centrais”, afirma Caio Athié Teruel, gestor patrimonial da Cimo Family Office. “Essa forte valorização do ouro nos últimos dois anos reflete uma percepção crescente de fragilidade institucional, o que acaba elevando o risco percebido em relação às moedas tradicionais.”

Prata: escassez do metal físico impulsiona preços ainda mais

Segundo o Wall Street Journal, porém, os preços da prata tiveram um impulso a mais no pregão desta segunda-feira. Segundo a publicação, a escassez do metal em Londres assustou o mercado. Isso porque, apesar de os contratos futuros de prata serem negociados também em Nova York, o centro do comércio físico de metais preciosos é Londres. Mas, desde o primeiro semestre, esse mercado passa por movimentos relevantes.

No começo do ano, diz o WSJ, os temores de que Trump pudesse impor tarifas sobre metais preciosos fizeram com que os traders movessem seus estoques da Europa para os EUA. “A migração transatlântica esvaziou a prata de Londres. Os estoques já estavam baixos após anos de demanda crescente por fabricantes de painéis solares. Mais recentemente, investidores injetaram dinheiro em fundos negociados em bolsa [ETFs] referenciados na prata, retirando mais metal do mercado”, diz a publicação.

“Um aumento na demanda por ouro e outros metais preciosos este ano elevou os preços a níveis recordes e reacendeu o interesse dos investidores em barras de metal. No mercado de prata, que é menor isso está causando desordem”, diz a matéria.

Como investir em ouro e prata

Para investir em metais preciosos, é necessário estar ciente de seu perfil de risco e entender quais são as formas e as características de cada modalidade de investimento. Entre as opções disponíveis na bolsa, estão os ETFs e os contratos futuros.

ETFs

ETFs (Exchange Traded Fund) são fundos negociados em bolsa que acompanham o desempenho de um índice específico, como o Ibovespa B3 ou um índice que mede, por exemplo, a cotação do ouro no mercado internacional. Nesse caso, o investidor adquire um ativo que segue o valor do ouro, sem a necessidade armazenar o metal em um ambiente físico.

Futuro de ouro

Um contrato futuro é um acordo entre duas partes para comprar ou vender um ativo a um preço predeterminado em uma data futura. Esses contratos são negociados em bolsas, permitindo maior liquidez e transparência, e usados para proteção contra a volatilidade de preços (hedge) ou especulação.

Em julho, a B3, a bolsa de valores do Brasil, lançou o Contrato Futuro de Ouro (ticker: GLD). O derivativo foi desenhado para facilitar o acesso dos investidores ao mercado de ouro em um ambiente de bolsa, regulado, seguro, transparente, com liquidação exclusivamente financeira e referência no preço internacional do metal.

Leia mais no B3 Bora Investir, site parceiro de IstoÉ Dinheiro.