03/03/2020 - 16:25
O ouro fechou em forte alta nesta terça-feira, 3, na esteira da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de cortar, de forma extraordinária, sua taxa básica de juros em 50 pontos-base, para atenuar os impactos econômicos do coronavírus. Juros mais baixos tendem a fortalecer o metal precioso, que não oferece retornos.
O metal para abril fechou com ganho de 3,11%, em US$ 1.644,40 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex). Trata-se do maior avanço porcentual da commodity desde junho de 2019.
Desde o início da sessão, o metal operava em território positivo, enquanto o mercado esperava a teleconferência de ministros das Finanças e presidentes dos BCs do G-7. Em comunicado, o grupo informou que segue monitorando a evolução do coronavírus, mas não anunciou medidas concretas para fazer frente às repercussões do surto na economia.
Por volta de 12 horas (de Brasília), o ouro, que vinha avançando menos de 1%, disparou e passou a subir mais de 3%, após o anúncio do Fed. De forma extraordinária, pela primeira vez desde a crise financeira de 2008, o BC americano reduziu as Fed funds em 50 pontos-base, à faixa entre 1% e 1,25%.
Em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a decisão foi tomada para amortecer o abalo que o avanço do coronavírus pode provocar na economia. “Havia riscos para a economia e decidimos agir”, disse.
Os juros dos Treasuries, que competem com ouro como reserva de segurança, despencaram após o comunicado. Por volta das 15h50 (em Brasília), as T-notes de 10 anos chegou a cair abaixo de 1% pela primeira vez.
Agora, investidores ficam atentos a medidas semelhantes de outros bancos centrais. O Banco Central Europeu (BCE) estuda prover liquidez a empresas afetadas pelo vírus. Além disso, vários analistas revisaram para baixo suas projeções para os juros no fim do ano nos EUA.
Para o Bank Of America, por exemplo, o Fed deve cortar a taxa em 25 pontos-base em março e mais 25 pontos-base em abril.
“Todas essas especulações sobre relaxamento da política monetária por bancos centrais são claramente construtivas para o preço do ouro e indicam perspectivas positivas para o metal”, avalia o ING, em relatório.