18/11/2009 - 8:00
Para os ingleses, a loja de departamentos Harrods é como um patrimônio cultural do país, um dos símbolos da tradição britânica. Localizada no elegante bairro londrino de Knightsbridge, a poucos passos do Hyde Park, ela serve de termômetro para medir as tendências da moda que vão despontar no cenário internacional e também para revelar os detalhes da economia mundial. Pois um produto que a loja pôs à venda ao lado de artigos de luxo de cerca de 2,1 mil marcas revela muito sobre os dias atuais.
Pela primeira vez em sua história, a tradicional loja fundada em 1834 começou a vender ouro. Isso mesmo! Não se trata de anéis, colares ou pulseiras. em parceria com a suíça Produits Artistiques Métaux Précieux (Pamp), ela passou a comercializar barras do metal precioso que variam de 100 gramas até 12,5 quilos e que chegam a custar US$ 400 mil.
Quem compra ouro na Harrods pode mantê-lo no cofre da divisão bancária da loja ou utilizar o serviço de entrega – disponível em qualquer lugar do mundo. Mas, afinal, por que uma loja de departamentos passou a vender ouro? “A situação da economia criou uma demanda por ouro na Inglaterra e faltava um nome reconhecido para vender nesse segmento”, afirmou Chris Hall, chefe da divisão de ouro da Harrods.
A Harrods, então, resolveu usar o seu nome e prestígio para aproveitar essa oportunidade. O ouro, cotado a mais de US$ 1.000 a onça (medida equivalente a 28,3 gramas), está mais caro do que nunca. Para se ter uma ideia, o preço da onça passou de US$ 270, em 2001, para US$ 1.070 no mês passado.
Mas, antes que se crie uma euforia no mercado, há quem acredite que o metal está chegando ao seu teto. “É um investimento de risco, que pode oscilar muito e dificilmente ficará mais caro do que está. Eu não recomendaria aplicar mais do que 10% do capital em ouro”, aponta Écio Morais, diretor do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM). A Harrods, contudo, não se preocupa com isso. Enquanto, pelo menos, houver demanda.