25/05/2005 - 7:00
Os outlets, aqueles shopping centers especializados em lojas de desconto, são uma febre nos Estados Unidos. Criados no final dos anos 80, eles conquistaram uma faixa dos consumidores que buscam marcas famosas a preços baixos. No Brasil, os primeiros shoppings de descontos chegaram no início da década de 90. Mas a moda não pegou. Os poucos outlets abertos no mercado brasileiro acabaram virando shopping centers tradicionais. É por isso que poucos investidores se aventuram nesse tipo de negócio, seja como construtor, como lojista ou mesmo como cotista do empreendimento. ?Hoje, não há nenhum outlet em construção no Brasil?, afirma Marcos Carvalho, vice-presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers. ?Mesmo se tivesse algum eu não investiria, pois o retorno não é dos melhores?, completa. Em compensação, pelo menos 20 shoppings tradicionais estão em construção pelo País, que já tem 238 em operação.
Carvalho conhece a fundo a operação de um shopping de desconto. Sua administradora cuidava da gestão do Nova América Outlet, no Rio de Janeiro. Com 130 lojas e faturamento de R$ 100 milhões, o empreendimento não rendia o esperado. Tudo mudou em 2002, quando o grupo trocou o foco e o nome do centro de compras para Shopping Nova América. ?Desde então, nosso movimento triplicou?, diz Carvalho. Hoje, o shopping tem 240 lojas, uma universidade e um centro comercial. O faturamento saltou para R$ 300 milhões, para alegria dos lojistas e dos investidores. O mesmo fenômeno se repetiu em outlets paulistanos, como o Shopping D. Inaugurado em 1994, o D abandonou o modelo de shopping de desconto em 1998. Hoje, tem 300 lojas e investe em entretenimento.
Para quem vê nos centros comerciais uma possibilidade de investimento, uma opção são os fundos imobiliários em shopping centers. Um exemplo é o Fundo do Shopping Pátio Higienópolis, de São Paulo, estruturado pela Brazilian Mortgages. No ano passado, a aplicação teve ganhos de 18,27%, a segunda maior rentabilidade entre os fundos imobiliários do mercado, segundo o Guia de Fundos da DINHEIRO. Em fevereiro, o rendimento foi de 1,59%. ?Hoje, as cotas desse fundo são negociadas com ágio de até 60%?, diz Fábio Nogueira, diretor da Brazilian Mortgages. Até o momento, porém, não surgiu nenhum fundo imobiliário voltado para o mercado de outlets no Brasil.
Um dos motivos do fracasso dos shoppings de desconto no mercado brasileiro foi a ausência de marcas famosas a preços baixos. ?Aqui, as grifes ficaram com medo de comprometer a imagem de suas marcas e perder clientes?, afirma Nabil Sahyoun, presidente da Associação dos Lojistas de Shopping. O resultado foi uma espécie de divisor de águas. Hoje, o grande investidor prefere apostar nos shopping centers. Já os pequenos investem nos chamados shoppings rotativos. ?São aqueles centros comerciais com pequenas lojas, com aluguel mensal. Se dá certo, o cliente continua. Senão, fecha e entra outro lojista?, diz Sahyoun. Qual o risco do negócio? Similar ao de um aluguel comercial. Para alguns críticos, trata-se de uma aplicação pouco segura. ?Acho arriscado. Prefiro produtos com a chancela e a fiscalização da CVM?, observa Nogueira, da Brazilian Mortgages. ![]()