O Ozempic e o Wegovy, remédios da Novo Nordisk para diabetes e para combate ao sobrepeso e obesidade, respectivamente, passam por negociações para serem distribuídos gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). O processo, no entanto, ainda pode demorar.

A vice-presidente (VP) de assuntos corporativos da Novo Nordisk, Simone Tcherniakovsky, afirmou que existem discussões sendo travadas em secretarias estaduais. No nível federal, segundo ela, a discussão foi travada por conta de questões orçamentárias. “Mas talvez seja questão de tempo, eu acho”, disse a executiva.

Os comentários foram feitos nesta quarta-feira, 28, durante coletiva de imprensa de executivos da empresa para falar do lançamento do Wegovy, que chegou às farmácias brasileiras ao longo do mês de agosto. O remédio é a mesma substância do Ozempic, porém tem outras dosagens e uma bula específica para casos de sobrepeso e obesidade.

AVP da área médica da empresa, Priscilla Mattar, aproveitou a ocasião para criticar as poucas políticas para sobrepeso disponíveis no sistema público. “Se você olhar para o SUS a gente tem políticas públicas maravilhosas voltadas para o diabetes”, disse, acrescentando que na questão do peso “a população não está assistida”.

O site IstoÉ Dinheiro procurou o Ministério da Saúde. Em nota, a instituição afirmou que “embora não haja tratamento medicamentoso, pacientes com obesidade podem ser tratados no SUS, conforme orienta o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Sobrepeso e Obesidade em Adultos”.

O Governo Federal informou também que as últimas demandas para avaliação de medicamentos para este tratamento tiveram negativas, conforme critérios da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).

Altos preços

O preço do Ozempic estabelecido pela empresa é de R$ 929 nas doses de 0,5 mg e 1 mg de Semaglutide, e de R$ 1.063 para a dosagem de 1 mg.

O Wegovy, que é a mesma substância, chegou as farmácias por R$ 890 na dose de 0,25mg, R$ 929 na de 0,5 mg, R$ 1.063 na de 1mg, R$ 1.581 pela de 1,7mg e R$ 1.915 pela de 2,4 mg.

O preço refere-se ao pacote com um sistema de aplicação pré-preenchido e quatro agulhas descartáveis. Como são aplicações semanais, cada embalagem cobre um período de um mês.

Questionados sobre os altos preços, os executivos da empresa afirmaram que o grande investimento em inovação da empresa está embutido no alto custo. “Não é fácil trabalhar a gente estudar a obesidade por mais de 20 anos, não é fácil você desenvolver uma medicação para essa doença”, disse Mattar.

Os executivos também disseram não acreditar que os recentes casos de falsificação do medicamento sejam causados pelos altos preços. “A questão é que existe um apelo muito forte pelo uso do produto, com indicação ou sem indicação, e obviamente aí você tem um submundo, o qual a gente não conhece, que se aproveita disso”, disse Tcherniakovsky.

Patente próxima do fim

As executivas destacaram, porém, que o medicamento deve baratear com o tempo, especialmente porque sua patente está próxima do fim. A partir de 2026, a empresa não terá mais exclusividade de direito sobre a produção da substância e novos competidores irão surgir.

Para seguir com o negócio competitivo, a Novo Nordisk já trabalha em novos medicamentos para obesidade. Por ora, no entanto, ainda não foram divulgadas informações sobre eles.