07/11/2019 - 10:23
Ele era a jovem esperança do Partido Popular para voltar ao poder, mas obteve os piores resultados de sua história.
Agora, com uma nova imagem e um discurso moderado, Pablo Casado quer ressurgir das cinzas na eleição legislativa espanhola.
Depois de mostrar sua face mais agressiva na campanha de abril, o líder conservador reapareceu como um novo homem após o verão (europeu): uma barba bem aparada e palavras mais comedidas.
E os habituais insultos a seu principal rival, o primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez, se transformaram em ofertas de pactos com “todos os partidos constitucionalistas, incluindo os socialistas”.
“Agora é um político muito mais maduro”, afirma à AFP Euprepio Padula, especialista em liderança e consultor político que já trabalhou com várias personalidades.
– O discurso dos 20 insultos –
Casado, 38 anos, arrastou o PP para a direita ao assumir o comando do partido em julho de 2018, após as primárias acirradas para definir o sucessor de Mariano Rajoy, que acabara de ser afastado do governo com uma moção de censura apresentada pelas socialistas.
Na campanha de abril ele expressou sua oposição ao aborto e à eutanásia, em uma tentativa de conter a perda de votos para o partido de extrema-direita Vox, que entrou com força no cenário nacional em 2018 depois de anos como uma formação residual.
Próximo a outro ex-primeiro-ministro conservador, o combativo José María Aznar, Casado atacou duramente Sánchez e o acusou de chegar ao poder por meio de uma aliança com os separatistas catalães e os nacionalistas bascos.
Já entrou para a história o discurso que pronunciou em fevereiro com 20 insultos a Sánchez: “criminoso, traidor, mentiroso compulsivo, desleal, incapaz, medíocre, ególatra, incompetente”…
Os eleitores não compraram a ideia de seu estilo agressivo: o PP perdeu em abril mais da metade das cadeiras e ficou com apenas 66 representantes em um Parlamento de 350, o pior resultado da história do partido. O próprio Casado definiu como “muito ruim”.
– ‘Aprendeu a lição’ –
“O líder conservador aprendeu a lição de 28 de abril”, considera Padula.
“Assumiu um papel muito mais moderado, muito mais de homem de Estado”, destaca o especialista, conhecido por analisar a postura dos políticos na TV.
Em um momento de grande fragmentação, Casado pediu aos eleitores de direita que concentrem os votos no PP para derrotar Sánchez, uma mensagem direcionada às bases do Vox e do partido liberal Cidadãos.
“Os espanhóis que não querem que Sánchez continue só podem ver sua vontade garantida com o PP”, declarou ao jornal conservador El Mundo.
Suas críticas ao socialista na atual campanha evitaram as palavras mais ofensivas e se concentraram em sua gestão da crise independentista na Catalunha.
“Não acredita na nação espanhola”, afirmou a Sánchez em um debate na TV, quando o acusou de ser muito indulgente com os separatistas.
O novo Casado parece ter agradado o eleitorado. As pesquisas mostram um avanço do PP de 66 até quase 90 cadeiras, enquanto o PSOE venceria novamente, mas longe da maioria absoluta.
Formado em Direito, Casado dedicou toda sua vida à política. Ele é casado com Isabel Torres, uma psicóloga infantil com quem te dois filhos, Paloma e Pablito.
Quando assumiu o comando do PP, derrotando a candidata mais moderada e ex-braço direito de Rajoy, Soraya Sáenz de Santamaría, Casado prometeu uma “regeneração” do partido, abalado por vários casos de corrupção.
Mas rapidamente se viu envolvido em um escândalo acadêmico: ele admitiu que não assistiu as aulas para obter um mestrado em Direito Regional, alimentando acusações de que foi “presenteado” com o título.
O Tribunal Supremo descartou investigar o caso, mas admitiu que existiam indícios de um tratamento favorável ao líder conservador.