03/06/2021 - 11:53
Um homem internado com covid-19 grave e com suspeita de mucormicose, o “fungo negro”, morreu nesta quarta-feira (2) em Campo Grande (MS). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, o idoso de 71 anos tinha diabetes e hipertensão – duas comorbidades perigosas para quem contrai o coronavírus.
Ele já havia recebido duas doses da vacina contra a covid: a primeira em março e a segunda em abril. O paciente estava internado em estado grave desde 18 de maio e, dez dias após dar entrada no hospital, apresentou sintomas da infecção causada pelo fungo negro no olho esquerdo.
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Atingindo milhares de pessoas na Índia, a mucormicose, ou ‘fungo negro’, já foi detectada em 29 pessoas no Brasil somente neste ano, sendo quatro casos identificados após infecção por covid-19, de acordo com o Ministério da Saúde. O fungo costuma atingir pessoas com diabetes ou que estejam usando medicamentos com corticoide, um dos principais componentes adotados no combate à covid-19 nos hospitais.
O Ministério disse que ainda não é possível apontar uma relação entre a mucormicose e a variante indiana da covid-19.
O que é mucormicose?
O fungo negro, ou preto como também é chamado, ocorre quando há exposição a um tipo de mofo encontrado no solo, plantas, esterco e frutas e vegetais em decomposição. A mucormicose afeta os seios da face, cérebro e pulmões, além de poder ser fatal em diabéticos ou em indivíduos gravemente imunodeprimidos.
Em entrevista ao podcast “Ao Ponto”, do jornal O Globo, o coordenador do comitê de micologia médica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Flávio Telles, disse que o fungo deixa uma espécie de necrose na pele da pessoa, por isso o nome “fungo preto”.
“É uma doença muito grave, porque é um fungo que pode invadir o interior de vasos sanguíneos, artérias e veias. Quando há obstrução do fluxo de sangue em diferentes parte do organismo, o tecido morre e fica com esse aspecto de necrose, escurecido”, explicou o infectologistaa O Globo.
A taxa de mortalidade geral é de 50% e pode ser desencadeada pelo uso de esteroides, tratamento que é usado na recuperação de casos graves de covid e pessoas com doenças críticas.
Em situações normais, o sistema imunológico consegue combater o avanço do fungo e evitar agravamentos, mas em cenários onde o corpo está debilitado, como na covid-19, o mecanismo de defesa pode não dar conta de conter a mucormicose.