A covid-19 ainda é uma doença com muitos mistérios para a comunidade científica. Uma das descobertas recentes de um estudo ainda não publicado pela Universidade de Yale é que a versão mais longa da covid pode ter alterado o sangue dos infectados. 

O grupo verificou em uma amostra com 99 pessoas que tiveram covid longa que elas produziam um número baixo de cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, que ajuda o corpo a controlar infecções. Os pacientes que registraram pouca produção do hormônio, se queixaram de fadiga, confusão mental e outros sintomas. 

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O estudo começou no final de 2020, quando a imunologista da Universidade de Yale, Akiko Iwasaki, se uniu a David Putrino, neurofisiologista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai que cuidava de pacientes afetados. A dupla queria comparar esses pacientes com pessoas que nunca foram infectadas e aquelas que se recuperaram. 

“Foi bastante desafiador encontrar pessoas totalmente recuperadas da covid”, afirmou Putrino à revista Science. Ele explicou que muitos voluntários pós-covid-19 se descreveram como saudáveis, mas admitiram, por exemplo, que seus treinos de academia, que antes eram normais, se tornaram muito exaustivos para serem retomados. No final, a equipe assinou 39 voluntários recuperados do COVID-19 entre um total de 116 controles.

As amostras de sangue apresentaram uma quantidade grande de células T “exaustas”. Essas células surgem na presença contínua de patógenos, sugerindo que “os corpos das pessoas com Long Covid estão lutando ativamente contra algo”, diz Putrino. Essa batalha produziria inflamação crônica, que corresponde a muitos sintomas da covid longa. 

Ambos disseram que é hora de avançar com novos testes de terapias em potencial, que também podem elucidar as causas da covid longa. 

“Como uma cientista, claro que gostaria de ter todas as peças do quebra-cabeça antes de começar a fazer ensaios clínicos. Mas os pacientes não podem esperar”, disse Akiko à Science.