30/10/2010 - 8:06
Os pacotes bomba destinados aos Estados Unidos, um dos quais foi transportado em um voo de passageiros da Qatar Airways, foram, aparentemente, obra de um membro da Al-Qaeda que fabricou a bomba usada no fracassado atentado do Natal de 2009 em um voo Amsterdã-Detroit.
Os dois pacotes, interceptados na última sexta-feira nos aeroportos de Dubai e das East Midlands, na Inglaterra, foram expedidos no Iêmen e tinham como destinatárias sinagogas de Chicago (norte dos Estados Unidos).
O pacote encontrado em Dubai foi transportado de Sanaa, via Doha, em um voo comercial de passageiros da Qatar Airways, explicou neste domingo à AFP uma fonte da companhia.
A empresa negou qualquer responsabilidade sobre o conteúdo do pacoete: “não é responsabilidade do país pelo qual transita a carga a inspeção e a passagem pelo raio X, e sim do país de onde se envia a carga”.
O “principal suspeitso” na investigação é o jovem saudita Ibrahim Hasan Al Asiri, conhecido por ser um dos fabricantes de explosivos da Al-Qaeda, informou à AFP um membro das forças antiterroristas americanas.
“As atividades passadas e a experiência com explosivos de Al-Asiri fazem dele o principal suspeito”, afirmou a fonte, que pediu para não ser identificada.
“Há indícios de que pode ter tido um papel em complôs passados da AQPA (Al-Qaeda na Península Arábica), incluindo a tentativa de assassinato de um funcionário saudita e o atentado frustrado do Natal do ano passado”, completou.
O conselheiro do presidente Barack Obama para antiterrorismo, John Brennan, já havia afirmado que o mesmo indivíduo confeccionou os artefatos explosivos interceptados na sexta-feira procedentes do Iêmen e a bomba para o ataque frustrado do Natal de 2009 no voo Amsterdã-Detroit.
“Acredito que até o momento as análises forenses indicam que o indivíduo responsável por armar estes artefatos é o mesmo”, disse John Brennan em entrevista ao programa “This Week” do canal ABC, sem citar nomes.
Ibrahim Hasan Al Asiri tem 28 anos e vive no Iêmen. É atribuída a ele a fabricação da bomba de pentrita escondida na cueca de Faruk Abdulmutalab, o jovem nigeriano que protagonizou o fracassado ataque no Natal do ano passado. Atualmente, integra a lista de homens mais procurados pelo governo de Riad.
Brennan indicou ainda que não dispunha de “nenhum indício de que haja outros (pacotes bomba) em circulação”, acrescentando que o governo tomou as medidas necessárias para o caso de serem detectados outros explosivos.
A ministra britânica do Interior, Theresa May, disse por sua vez à rede BBC que seu governo fará uma análise dos procedimentos de segurança do frete aéreo.
Seu par alemão, Thomas de Maizière, afirmou que a Alemanha havia alertado os britânicos, graças a uma inforçamão de “serviços secretos amigos”, sobre a presença de um pacote bomba que transitou pelo aeroporto de Colonia (oeste).
As autoridades iemenitas, que continuam a busca por suspeitos, anunciaram neste domingo a libertação da estudante detida na véspera, “suspeita de ter enviado os pacotes”, sob a exigência de que se mantenha disponível para futuros depoimentos.
“Minha filha foi libertada, junto com sua mãe, que também tinha sido presa. Ela é inocente”, afirmou Mohammed al-Samawi, pai de Hanane al-Samawi, 22 anos, estudante de engenharia da informação da Universidade de Sanaa.
“Ela foi libertada sob a condição de que se apresente às autoridades sempre que requisitado”, indicou um oficial, que pediu o anonimato.
A jovem foi detida no sábado junto com a mãe, depois de ter sido rastreada pelo número de seu celular, encontrado no recibo de envio dos pacotes bomba interceptados em aeroportos da Inglaterra e de Dubai na última sexta.
Um dos pacotes teria sido despachado por uma mulher que “usurpou a identidade” de Hanane e anotou seu telefone no formulário de envio, explicou à AFP um membro dos serviços de segurança iemenitas.
Mais cedo, Abdul Rahman Barman, membro do grupo iemenita de defesa dos direitos humanos Hood, disse duvidar que Hanane tivesse qualquer ligação com a tentativa de atentado, já que não possui qualquer vínculo com movimentos fundamentalistas ou com a Al-Qaeda.
“Há mais de uma interrogação neste caso”, afirmou Barman. “Sabemos que a Al-Qaeda nunca deixa rastros. É impossível que esta jovem tenha ido ao balcão das duas companhias e que tenha colocado seu nome e seu número de telefone nos pacotes”.
Neste domingo, centenas de estudantes protestaram no campus da Universidade de Sanaa, exigindo a libertação de Hanane.
Na noite de sábado, as forças de segurança iemenitas montaram postos de controle na maioria dos bairros da capital, identificando os passageiros de todos os veículos.
Além disso, as forças de segurança iemenitas fecharam os escritórios das companhias FedEx e UPS em Sanaa. A primeira enviou o pacote interceptado em Dubai, e a segunda, o que foi encontrado no Reino Unido.
bur/ap