Chegou a maioridade para o Pactual. O banco passou o seu primeiro ano longe dos pais, os fundadores Luiz Cézar Fernandes, Paulo Guedes e André Jakurski, e não tem do que reclamar. Os ?meninos?, como os cinco maiores sócios ficaram conhecidos no episódio da saída turbulenta de Luiz Cézar, bateram logo de cara o recorde de rentabilidade do banco. Foi um lucro de R$ 290 milhões, o que dá um retorno de 64% sobre o patrimônio no ano passado, contra picos de no máximo 30% nos anteriores. Mesmo sem os lucros com a desvalorização cambial, o resultado supera 50%. E, no primeiro semestre, o lucro líquido já bateu em R$ 46 milhões. Milagre? Os ?meninos? são melhores que as estrelas que deixaram o banco?

Ninguém acredita nisso, nem mesmo dentro do Pactual. O motor principal da disparada foi o fim da divisão interna no comitê de sócios da instituição, por onde passam todas as decisões estratégicas. Parece pouco, mas não é. Com Luiz Cézar fora, os sócios que ficaram enterraram de vez o projeto de expansão para o varejo e dedicaram-se às vocações naturais da empresa. O private banking, tocado por Antônio Carlos Porto, ex-BCN, duplicou de tamanho. ?É nesse tipo de negócio que somos bons?, destaca. O banco dispensa a fama de agressivo que o consagrou. ?Operamos pouco alavancados. Queremos preservar nosso capital?, diz Eduardo Plass, o presidente que sucedeu o único comandante do banco até então.

Símbolo involuntário da nova fase, Plass recusa-se a aparecer em fotos e rejeita a idéia de personificar a instituição ? ao contrário do carismático Luiz Cézar, habituado à vida pública e a grandes tacadas na mídia. O Pactual, último sobrevivente da geração estelar de bancos de investimento dos anos 90, optou por agarrar-se aos traços mais típicos daquela turma, como o de apostar tudo na própria equipe. ?Nós somos a prova de que a cultura associativa funciona. O banco mostrou que pode prescindir até de seus fundadores sem perder a cara?, destaca. A saída de Luiz Cézar foi a aposta final: o ex-banqueiro entrou em choque com outro sócio, André Esteves, e acabou isolado. Entre o homem que tinha a cara do banco e um sócio alinhado com os demais, a opção foi pela unidade.