Um sacerdote ortodoxo grego ficou gravemente ferido após ter sido baleado neste sábado (31), quando fechava sua igreja. O autor dos disparos fugiu após a agressão, ocorrida sem motivação clara e em um clima de tensão pelos recentes ataques jihadistas contra um professor perto de Paris e uma basílica em Nice.

“Por enquanto, não se descarta, nem se privilegia nenhuma hipótese”, afirmou o promotor de Lyon Nicolas Jacquet, que informou a detenção de um suspeito que “pode corresponder à descrição dada pelas primeiras testemunhas”.

As forças de segurança não encontraram com o detido a arma utilizada no ataque, uma espingarda com o cano serrado. “Continuam sendo feitas verificações sobre seu possível envolvimento”, afirmou o promotor.

Por volta das 16h locais (12h de Brasília), tiros foram ouvidos na direção da igreja ortodoxa grega, situada em um bairro residencial de Lyon, que chamaram a atenção de vizinhos e agentes da polícia municipal.

“Eles se deram conta de que um homem estava fugindo e encontraram perto da porta dos fundos da igreja um homem ferido a tiros, que acabou sendo o sacerdote do local de culto”, explicou a promotoria.

A promotoria de Lyon também informou ter aberto uma investigação por “homicídio” e disse que estava em contato com a promotoria nacional antiterrorista, mas até o momento esta não assumiu a investigação.

Várias fontes policiais pediram “prudência sobre as motivações da agressão”.

O sacerdote “estava fechando sua igreja”, durante o momento do ataque. Então, “não havia nenhuma cerimônia” dentro do templo e “o sacerdote não usava roupa sacerdotal”, informou uma fonte próxima à investigação.

Nikolaos Kakavelakis, de 52 anos, levou dois tiros, “no fígado e à queima-roupa” e por isso foi hospitalizado em estado grave.

– Célula de crise –

O chefe da Igreja da Grécia, o arcebispo Ieronymos, denunciou este ataque como um “horror que ultrapassa a lógica humana”.

Segundo um jornalista da AFP presente no local, a pequena igreja em estilo art déco fica em um bairro residencial em Lyon, onde havia muito pouca gente nas ruas no primeiro sábado do novo ‘lockdown’ na França.

Após o ataque, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, organizou uma célula de crise em seu gabinete, em Paris.

O primeiro-ministro Jean Castex lembrou “a total determinação do governo de permitir a todos e a cada um praticar sua religião com total segurança e liberdade”.

“Nossa vontade é forte e nossa determinação não decairá. É a honra da França, é a honra da República”, acrescentou Castex, durante deslocamento no sábado em Saint-Etienne-du-Rouvray (noroeste), onde um padre foi degolado em uma igreja em 2016 por jovens jihadistas.

O ataque deste sábado ocorre apenas três dias depois do atentado na basílica de Notre-Dame, em Nice, onde um jovem jihadista armado com uma faca matou três pessoas – entre elas uma brasileira -, apenas duas semanas depois da decapitação do professor Samuel Paty.

Embora se desconheçam as motivações do atacante de Lyon, o presidente do Parlamento europeu, David Sassoli, falou de um “novo atentado” e defendeu que a “Europa não se submeterá jamais à violência e ao terrorismo”.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também condenou este “ato abominável” e afirmou que “a liberdade de consciência na Europa está garantida para todos e deve ser respeitada”.

O governo francês permitiu que os locais de culto permaneçam abertos até a segunda-feira para a celebração do Dia de Todos os Santos, antes de voltarem a fechar devido ao novo ‘lockdown’ para conter a covid-19.

Após o ataque a Nice, o Executivo elevou ao máximo o alerta antiterrorista e aumentou de 3.000 para 7.000 os soldados mobilizados no país para proteger escolas e locais de culto.

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