O UBS PACTUAL, UM DOS principais bancos de investimento do País, vivia uma situação curiosa no Brasil. Seus resultados eram espetaculares, mas parecia que algo não caminhava bem. Isso porque, volta e meia, surgiam especulações sobre a recompra do Pactual pelos acionistas brasileiros que o venderam ao UBS em 2006 por US$ 3,1 bilhões. A operação seria capitaneada por André Esteves, o mais graduado dos sócios, que chegou a assumir uma posição importante no UBS globalmente, mas estaria insatisfeito com as amarras burocráticas do banco e a crise do subprime – a instituição financeira suíça perdeu mais de US$ 15 bilhões no mercado imobiliário americano. Diziase até que Esteves poderia comprar toda a operação do UBS na América Latina, em parceria com o lendário financista Jorge Paulo Lemann, fundador do Garantia. Na semana passada, essa história chegou ao fim. O banco comunicou a saída de Esteves e também coroou um novo presidente. É o brasiliense Rodrigo Xavier, de 39 anos, que chefiava a área de gestão de recursos, uma das mais bem-sucedidas do UBS Pactual, com R$ 87 bilhões distribuídos em vários fundos. “Não estou chegando para apagar incêndio algum”, disse ele à DINHEIRO, na tarde da quarta-feira 18. “As coisas vão muito bem e nunca foi tão fácil vender o Brasil.”

 

Nos últimos dias, isso foi tudo o que Xavier fez. Num périplo europeu, ele visitou clientes do UBS em cidades como Paris, Madri, Estocolmo, Lisboa e Zurique antes de saber que seria nomeado presidente no Brasil. Com a sua chegada, dissipam-se os rumores e o banco, que viveu em 2007 o melhor ano de sua história, com um lucro de R$ 2, 6 bilhões, deverá retomar seu curso normal. “Temos compromisso com os mercados emergentes e o Brasil é um dos países em que nossas atividades mais crescem no mundo”, reforçou Juerg Haller, CEO do banco para a América Latina. A coroação de Xavier foi também saudada por empresários que fizeram história no Pactual, como o fundador, Paulo Guedes. “O Rodrigo é um profissional brilhante, que merece estar onde está”, disse à DINHEIRO. O empresário Marcus Elias, controlador da Parmalat e também ex-Pactual, concorda. “É um autêntico puro-sangue, que tem a cultura meritocrática do banco na veia.”

O grande desafio do UBS Pactual agora será administrar a saída de Esteves, que carregou consigo outros seis sócios. Entre eles, Marcelo Calim, que era o chefe da área de investimentos, e o veterano Antônio Carlos Porto, o Totó, uma das principais pontas do Pactual no relacionamento com detentores de grandes fortunas. Xavier, no entanto, contemporiza. “Dos 70 sócios que estavam aqui quando da venda para o UBS, saíram apenas sete e o banco sempre teve a cultura da renovação e oxigenação dos seus quadros”, diz ele. “O André continua sendo nosso amigo e, muito provavelmente, será um parceiro do UBS Pactual na sua atividade.”

A tendência, no entanto, é que Esteves seja mais um concorrente do que um parceiro. Em 2006, quando o Pactual foi vendido, ele tinha 30% das ações e deveria receber cerca de US$ 1 bilhão, se ficasse no UBS até 2011. Como ele antecipou sua saída, houve um acerto – não revelado – entre as partes. A um amigo, Esteves disse que todas as metas de desempenho acertadas na época da venda foram atingidas em apenas dois anos. Por isso, ainda que o acordo com o UBS não tenha sido tornado público, é provável que ele tenha recebido boa parte do valor negociado em 2006. Além de dinheiro, ele também montou uma equipe de 27 pessoas para iniciar seu banco de investimentos. Mas repetir uma história de sucesso estrondosa como a do Pactual também não será tão simples.