O Brasil das últimas décadas acostumou-se aos planos de desenvolvimento industrial. Um dos mais notórios deles foi o Plano de Metas do presidente JK, que, embalado pelo lema “50 anos em cinco”, traçou setores prioritários de investimentos públicos e privados e levou adiante a ideia da construção de um parque produtivo nacional, na onda do que ocorria em outras partes do mundo. Nos idos dos anos 70, em plena era de ditadura militar, surgiu o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), carregado pela mensagem ufanista que pregava que “esse é um país que vai pra frente” e almejava dar continuidade ao milagre econômico em curso. Com forte conotação reacionária, não teve relevância e ficou marcado pela célebre frase do então general-presidente Emílio Garrastazu Médici: 

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“A economia vai bem, mas o povo vai mal.” Seguiu-se o PND II e, mais adiante, os planos industriais da fase dos choques econômicos que davam a falsa imagem de robustez aos pacotes de medidas oficiais dos governos. O Brasil da abertura de Collor, da estabilidade do real de Itamar e FHC e da retomada do crescimento de Lula também experimentou seguidas propostas de incremento à indústria – que não saíram do papel e viraram mero material de propaganda. A presidente Dilma tratou de lançar na semana passada o seu plano “Brasil Maior” que recoloca a indústria como o eixo do desenvolvimento. Teve o cuidado de ampará-lo no generoso colchão de financiamentos do BNDES, que promete desembolsar cerca de R$ 500 bilhões até 2014. 

 

Dilma ainda acenou com medidas concretas de desoneração tributária para vários setores que deverão representar uma renúncia fiscal de mais de R$ 25 bilhões nos próximos dois anos. Há razões concretas para se acreditar que esse “Brasil Maior” pode trilhar um caminho mais promissor que os seus antecessores.  A maior delas é o incentivo para que os grandes grupos produzam localmente e gerem emprego, inovação e transferência de tecnologia. Isso, no momento em que o mundo passa por outra temporada de crises e incertezas, deve estimular uma nova revoada de projetos para o Brasil. Um empurrão a mais para um país que finalmente parece ter encontrado o trilho do desenvolvimento.