09/11/2024 - 7:49
O Brasil tem quase 16,4 milhões de pessoas morando em áreas de favela, o que representa 8,1% da população total do País, segundo dados do Censo Demográfico 2022 divulgados nesta sexta-feira, 8, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, são 12,3 mil favelas ou comunidades urbanas. A pesquisa aponta que elas se concentram em 656 cidades, o equivalente a menos de 12% do total de municípios.
Estado mais populoso do País, São Paulo concentra a maior quantidade de favelas, com 3,1 mil comunidades identificadas pelo IBGE, praticamente um quarto do total – Rio (com 1,7 mil) e Pernambuco (com 849) completam o topo da lista. O Estado possui ainda duas das maiores favelas: Paraisópolis (3.ª), com 58,5 mil habitantes, e Heliópolis (6.ª), com 55,5 mil.
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A Rocinha, no Rio, hoje é a maior favela do País, com 72 mil moradores. Em segundo lugar, está a Sol Nascente (DF), com 70,9 mil habitantes – em resultado preliminar divulgado em 2023, ela até apareceu como a maior do País, mas os dados divulgados ontem, revisados por pesquisadores do IBGE, agora apresentam um retrato mais preciso.
O instituto agora usa o conceito de favelas e comunidades urbanas, classificados como territórios populares originados de estratégias da população para “atender, geralmente de forma autônoma e coletiva, às suas necessidades de moradia e usos associados (comércio, serviços, lazer, cultura, entre outros), diante da insuficiência e inadequação das políticas públicas e investimentos privados dirigidos à garantia do direito à cidade”.
Os pesquisadores indicaram que, na prática, as mudanças resultaram no mapeamento de áreas não identificadas pelo IBGE no Censo 2010, no ajuste de limites de áreas anteriormente mapeadas e no aperfeiçoamento dos mecanismos de acompanhamento da coleta no decorrer da operação. O IBGE contraindica a comparação direta entre os dados das duas pesquisas.
Os dados do Censo 2010 indicavam que, naquela época, o País possuía 6,3 mil favelas (antes conceituadas como aglomerados subnormais). Elas estavam em 323 dos 5,5 mil municípios do Brasil. Ao todo, 6% da população (cerca de 11 milhões) viviam nessas condições. Na ocasião, quase metade (49,8%) dos domicílios de aglomerados estavam no Sudeste. Ao menos neste último quesito, é retrato similar ao apresentado ontem.
Hoje, o Sudeste reúne 6 mil favelas e comunidades urbanas, o que representa 48,7% do total. Trata-se de praticamente o dobro do que se vê na região Nordeste, a segunda com a maior quantidade de favelas, com 3,3 mil (ou 26,8%).
No AM, 1 em cada 3 pessoas vive em comunidades
Porcentualmente, a região Norte é destaque. No Amazonas, um a cada três moradores vive em um local considerado favela. Amapá (24,4%) e Pará (18,8%), também no Norte, vêm na sequência. Em São Paulo, 8,2% da população vive em favelas, número pouco acima da média nacional (8,1%).
O topo da lista liga o alerta não só para a vulnerabilidade social nessas regiões, mas também para possíveis danos à preservação ambiental. São Estados da Amazônia Legal. Como mostrou o Estadão, a área tem passado por uma favelização, em especial na região metropolitana de Manaus, o que pode contribuir para o avanço de facções, da milícia e de crimes ambientais.
Os dados do censo apontam que, entre as 20 favelas e comunidades urbanas mais populosas do País, oito estão na Região Norte (sete delas em Manaus), sete no Sudeste, quatro no Nordeste e somente uma, justamente a do Sol Nascente, no Centro-Oeste.
Nenhuma das 20 maiores favelas está no Sul. O Censo 2022 identificou ainda que 6,5 milhões de domicílios em favelas e comunidades urbanas, em todo o País, entre os quais 5,5 milhões (ou 84,8%) eram domicílios particulares permanentes ocupados.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.