24/10/2020 - 19:32
Pedidos de boicote aos produtos franceses foram ecoados neste sábado (24) em vários países do Oriente Médio, após a indignação provocada pela promessa do presidente francês Emmanuel Macron de não “desistir da publicação das charges” de Maomé.
Macron fez os comentários na tarde de quarta-feira durante a homenagem ao professor Samuel Paty, decapitado por um jovem tchetcheno simpático ao islamismo radical por mostrar charges do profeta muçulmano durante uma aula sobre liberdade de expressão.
+ Erdogan diz que Macron precisa de ‘exame de saúde mental’ por seu tratamento aos muçulmanos na França
+ França critica declarações de Erdogan contra Macron como ‘inaceitáveis’
Turquia, Irã, Jordânia e Kuwait denunciaram a publicação dessas caricaturas da revista satírica Charlie Hebdo. Nos últimos dias, os apelos para boicotar os produtos franceses nos países muçulmanos se multiplicaram nas redes sociais.
A Organização de Cooperação Islâmica, que reúne países muçulmanos, criticou “as declarações de alguns líderes franceses (…) susceptíveis de prejudicar as relações franco-muçulmanas”.
No Catar, os supermercados Al Meera e Suq al Baladi anunciaram que vão “retirar” produtos franceses de suas lojas.
Um correspondente da AFP viu funcionários em uma das lojas da Al Mera removendo potes de geleia da marca St. Dalfour de suas prateleiras.
A Universidade do Catar anunciou no Twitter na sexta-feira o adiamento da celebração da semana cultural francesa após “a ofensa deliberada contra o Islã e seus símbolos”.
Internautas do Kuwait compartilharam imagens de queijos Kiri e Babybel sendo retirados de algumas lojas nas redes sociais.
“Retiramos todos os produtos franceses, ou seja, queijos, cremes e outros produtos cosméticos e os substituímos por marcas do Kuwait”, explicou à AFP o vice-presidente da Federação das Cooperativas do Kuwait, explicando que 60 grandes distribuidoras anunciaram um boicote aos produtos franceses.
Cerca de 200 pessoas se manifestaram na noite de sábado em frente à residência do embaixador francês em Israel para denunciar as declarações de Macron, enquanto na Faixa de Gaza também ocorreram protestos nos quais a imagem do presidente francês foi queimada.
Os países do Golfo, principalmente Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, representam um dos mais importantes mercados para as exportações da indústria agroalimentar francesa.