14/05/2015 - 13:28
Os países bálticos, preocupados com a atuação da Rússia na Ucrânia, querem que a Otan mobilize em seus territórios milhares de soldados com o objetivo de dissuadir Moscou, mas nesta quinta-feira se depararam com as reticências da Aliança.
Vilnius, Riga e Tallin desejam “a presença permanente por rotação de forças da Otan” como “medida de dissuasão para a segurança da região”, declarou à AFP um porta-voz militar lituano, o capitão Mindaugas Neimontas.
Neimontas referia-se à atitude agressiva da Rússia, regularmente denunciada pela Aliança Atlântica, que acusa Moscou de estar diretamente envolvido no conflito ucraniano.
O conflito entre os separatistas pró-russos do leste da Ucrânia e as autoridades centrais de Kiev deixou mais de 6.200 mortos desde abril de 2014.
Estônia, Letônia e Lituânia, que estiveram integrados na URSS entre o fim da Segunda Guerra Mundial e 1991, temem que a Rússia tente desestabilizá-los para colocar à prova a determinação da Otan na hora de protegê-los.
“Desejamos uma unidade da dimensão de uma brigada (3.000 soldados), para que cada país báltico tenha um batalhão (até 1.000 soldados)”, disse Neimontas, indicando que os chefes dos exércitos de cada um dos três países enviarão uma carta conjunta ao responsável pelas tropas da Otan na Europa, o general americano Philip Breedlove.
O secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, reagiu nesta quinta-feira sem esconder sua falta de otimismo a respeito do pedido.
“Toda carta será avaliada cuidadosamente”, declarou Stoltenberg após uma reunião ministerial em Antalya (sudoeste da Turquia).
No entanto, “já aumentamos nossa presença militar na parte oriental da Aliança”, indicou, lembrando que desde o início da crise ucraniana a Otan enviou caças à região, navios aos mares Negro e Báltico, e está preparando uma força de resposta rápida que estará operacional a partir de 2016.
A iniciativa dos países bálticos foi decidida em uma reunião recente das autoridades militares dos três países e a carta será enviada na próxima semana, segundo Riga.
A Otan sempre rejeitou estabelecer uma presença militar permanente na região, considerando que seria contrária à “Ata Fundacional”, assinada pela Aliança e pela Rússia em 1997.
Mas os Estados Unidos mantêm mobilizados desde o ano passado 600 soldados por rotação nos países bálticos e na Polônia.
Segundo a Otan, o número de aviões russos voando “às cegas” no espaço aéreo báltico em 2014 foi três vezes superior em comparação com o ano de 2013.
vab-axr/aoc/dmc/ma