Os países emergentes estão imersos em uma corrida para desvalorizar suas moedas e continuar sendo competitivos em resposta à queda da moeda chinesa e à força do dólar.

O Cazaquistão foi na quinta-feira o último a deixar de intervir para regular os movimentos de sua moeda, o tenge, provocando uma queda de seu valor a um mínimo histórico frente ao dólar (247,21 tenges por dólar).

As moedas dos países emergentes da Ásia estão sendo especialmente afetadas nos últimos dias pelos “temores de um maior enfraquecimento do iuane e pela preocupação devido à lenta recuperação do crescimento mundial”, disse Kit Juckes, analista da Societe Generale.

Quanto ao Brasil, “as inquietações em torno do real são tanto políticas quanto econômicas”, disse Jucles. O real caiu a 3,4924 por dólar na quarta-feira, seu nível mais baixo desde março de 2003, tendo como pano de fundo os escândalos de corrupção e o estancamento do crescimento.

As autoridades cazaques “decidiram deixar (sua moeda) flutuar livremente para que seja competitiva em relação às moedas debilitadas de seus principais sócios comerciais, Rússia e China”, disse Jasper Lawler, analista da CMC Markets.

As desvalorizações surpresa do renminbi (“moeda do povo”, o nome oficial da moeda chinesa) pelo Banco Central da China (BPC) são interpretadas por alguns observadores como uma tentativa de frear a queda das exportações.

Em resposta às quedas sucessivas da moeda chinesa, o Vietnã também ampliou as margens de flutuação de sua moeda, forçando-a a mínimos históricos.

O rublo russo sofreu desde o fim de 2014 com a queda dos preços do petróleo e as sanções do Ocidente pela crise da Ucrânia.

O colapso da moeda russa levou a uma forte recessão e prejudicou sócios e vizinhos como Cazaquistão.

Esta debilidade se estende a todos os mercados emergentes, disse Jasper Lawler, citando o rand sul-africano, que caiu na quinta-feira ao seu nível mais baixo desde o fim de 2001, a 13,000 rands por dólar.

A moeda sul-africana, como a moeda da Indonésia (na quinta-feira caiu a um mínimo histórico de 13.926 rúpias por dólar), também sofre em grande medida a queda dos preços das matérias primas.

A Turquia sofre não apenas uma crise política, mas de segurança pela guerra na Síria, e sua moeda também foi arrastada a mínimos históricos, a 3,00 liras por dólar.

Os países emergentes também precisam enfrentar a perspectiva de um aumento das taxas de juros nos Estados Unidos que fortaleceria ainda mais o dólar.

Isso tornaria a divisa americana mais rentável e atrativa aos investidores.

Embora a inquietação pela economia chinesa e pelo freio do crescimento mundial possam fazer com que o Federal Reserve dos Estados Unidos (Fed) ainda não faça nada em setembro, há poucas dúvidas de que será o primeiro banco central do mundo a encarecer o preço do dinheiro subindo as taxas de juros, depois de anos de taxas baixas para reativar a economia.

acd/cv/abk/al/af/ma

SOCIETE GENERALE