16/09/2020 - 22:55
Um grupo de países ricos que representa 13% da população mundial comprou mais da metade das prometidas doses de vacina contra a covid-19, de acordo com um relatório da ONG Oxfam divulgado nesta quarta-feira (16).
A Oxfam analisou os acordos fechados pelas empresas que desenvolvem e fabricam as cinco principais vacinas contra o coronavírus e que estão atualmente na última fase de testes clínicos (AstraZeneca, Gamaleya/Sputnik, Moderna, Pfizer e Sinovac).
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“O acesso às vacinas que salvam vidas não deveria depender de onde se vive ou de quanto dinheiro se tem”, declarou Robert Silverman, diretor da Oxfam.
“O desenvolvimento e a aprovação de uma vacina segura e eficaz é crucial, mas é igualmente importante garantir que possam estar disponíveis a todos. A covid-19 está em todos os lugares”, continuou.
A Oxfam calculou que serão produzidas 5,9 bilhões de doses. Isso seria o suficiente para cerca de 3 bilhões de pessoas, dado que provavelmente serão necessárias duas doses.
Até o momento, 2,7 bilhões (51%) das 5,3 bilhões de doses já negociadas foram encomendadas por países, territórios e regiões que incluem Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Hong Kong, Macao, Japão, Suíça e Israel.
As outras 2,6 bilhões de doses foram adquiridas, ou receberam promessas de aquisição, de países em desenvolvimento como Brasil, Índia, Bangladesh, China e México, entre outros.
A Oxfam afirmou que uma das principais candidatas, a vacina do laboratório Moderna, recebeu pedidos de governos avaliados em 2,5 bilhões de dólares, mas completou que a empresa vendeu para os países ricos as opções de compra de toda sua produção.
A ONG pediu que se ofereça uma “vacina do povo”, que seria distribuída gratuitamente e com base nas necessidades de cada país.
“Isso só seria possível se as corporações farmacêuticas permitam que as vacinas sejam produzidas compartilhando gratuitamente as patentes, ao invés de proteger seus monopólios e vender à melhor proposta”, concluiu.
A ONG calculou que o custo estimado do suprimento da vacina para cada habitante do planeta é inferior a 1% do impacto previsto na economia mundial pela covid-19.