19/06/2020 - 9:01
A pandemia do novo coronavírus, que já provocou mais de 454.000 mortes no mundo, segue fazendo estragos, especialmente na América Latina, enquanto na China aumenta o medo de uma segunda onda e os líderes da União Europeia (UE) debatem um plano histórico de reconstrução.
O coronavírus avança de forma inexorável e o número de vítimas fatais dobrou em um mês e meio. Desde que foi detectado na China no fim do ano passado, mais de 8,5 milhões de pessoas foram infectadas.
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Brasil, com 1.269 mortos, e México, com 770, são os países do mundo que registraram mais óbitos nas últimas 24 horas. Na quinta-feira, o México também contabilizou 5.662 novos casos de contágio, um recorde.
O governo mexicano iniciou em 1 de junho a reabertura gradual das atividades em diversas regiões do país, especialmente nos setores de construção, mineração, manufatureiro e automotivo.
Hugo López Gatell, subsecretário mexicano de Saúde e responsável pela estratégia contra a COVID-19, admitiu, no entanto, que “a epidemia ainda não está acabando” e que as estimativas iniciais de mortes foram superadas.
O vírus não dá trégua no Brasil, país de 210 milhões de habitantes e com um balanço de 47.748 mortos e 978.142 casos positivos, a segunda nação mais afetada depois dos Estados Unidos.
O Chile, que se aproxima de 4.000 óbitos, endureceu as sanções para os que não respeitam a quarentena, com penas de até cinco anos de prisão.
– Um vírus europeu? –
Se a pandemia não para de avançar nas Américas, na China, onde o vírus parecia sob controle e com o país já em um ritmo de certa normalidade, as autoridades temem desde a semana passada um novo surto da doença.
Nesta sexta-feira, Pequim anunciou 25 novos casos, o que eleva a 183 o número de contágios nos últimos dias na capital chinesa, que tem 21 milhões de habitantes.
O novo foco obrigou o regime comunista a impor o confinamento em vários bairros e a organizar testes de diagnóstico para milhares de habitantes.
O governo dos Estados Unidos questiona a “credibilidade” dos números e pede o envio de observadores “neutros”.
A China revelou nesta sexta-feira o genoma do coronavírus detectado nos últimos dias e deu a entender que este vírus seria uma versão do que circulou pelo continente europeu há várias semanas ou meses.
“É possível que o vírus que provoca atualmente uma epidemia em Pequim tenha viajado de Wuhan para a Europa e retornado agora à China”, afirmou Ben Cowling, professor no Centro de Saúde Pública da Universidade de Hong Kong.
Outro dado científico, desta vez de Itália, revelou nesta sexta-feira que o novo coronavírus já estava presente nas águas residuais das cidades de Milão e Turim, norte da península, em dezembro de 2019, dois meses antes do registro oficial do primeiro paciente de COVID-19.
– “Uma oportunidade” –
Na Europa, o continente mais afetado pela pandemia com mais de 190.000 mortes, os 27 governantes da União Europeia (UE) debatem nesta sexta-feira o bilionário plano de reconstrução apresentado por Bruxelas para, por meio da dívida comum, tirar o bloco da profunda recessão.
O principal tema das negociações é um plano de recuperação de 750 bilhões de euros (844.000 bilhões de dólares): 500 bilhões seriam distribuídos por meio de subsídios aos países mais afetados pela pandemia, como Espanha e Itália.
Apesar do tempo curto, nenhum acordo é esperado para a primeira discussão por videoconferência, que servirá para “medir a temperatura” das diferentes posições.
Os olhares estão voltados em particular para Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca, os quatros países considerados “frugais” e adeptos do rigor fiscal, que se mostram relutantes a respeito do plano da Comissão Europeia.
“Este plano é uma oportunidade que a Europa não pode deixar passar”, disse a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, antes da reunião. Bruxelas calcula que a economia da UE vai registrar contração de 7,4% do PIB em 2020, devido às consequências da pandemia.
– Fronteiras fechadas –
Nos Estados Unidos, país mais afetado pela pandemia com quase 120.000 mortos, o balanço foi de 687 vítimas fatais nas últimas 24 horas. Este foi o oitavo dia consecutivo com menos de 1.000 óbitos.
O assessor médico da Casa Branca, Anthony Fauci, afirmou em uma entrevista à AFP que que não é necessário ordenar mais confinamentos generalizados nos Estados Unidos para controlar a pandemia, e sim que a gestão deverá ter um enfoque local.
Apesar dos dados encorajadores, o país registra um aumento de casos em quase 20 estados e o foco passou de Nova York e do nordeste para as regiões sul e oeste.
Este é o caso de Oklahoma, onde o presidente Donald Trump planeja organizar um comício eleitoral com milhares de pessoas no sábado, e da Flórida, onde algumas cidades ordenaram o uso de máscara em público.
Neste contexto, o país não programa no momento a reabertura das fronteiras.
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