A propagação do novo coronavírus acelera de forma alarmante nos Estados Unidos e Brasil, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta quinta-feira para o aumento de casos na Europa, coincidindo com a flexibilização progressiva do confinamento.

Na semana passada, a Europa registrou um aumento no número de casos semanais pela primeira vez em meses. Em 11 países, a transmissão acelerada levou a um ressurgimento muito significativo que, se não for controlado, levará novamente ao limite os sistemas de saúde europeus”, afirmou o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge, em Copenhague.

Kluge destacou a reação rápida de países como Espanha, Polônia, Alemanha ou Israel ante o aumento de novos casos em “escolas, minas de carvão ou locais de produção de alimentos”, nas últimas semanas.

Na terça-feira, por exemplo, a Alemanha determinou o retorno do confinamento de uma região ondem vivem 600.000 pessoas devido ao surgimento de um foco de infecções no maior matadouro da Europa.

De acordo com a OMS, a Europa está registrando diariamente quase 20.000 novos casos e 700 mortes por coronavírus.

Até o momento, o continente europeu contabiliza 194.459 vítimas fatais e 2.585.203 contágios.

No mundo, a pandemia provocou mais de 482.000 mortes e 9,4 milhões de casos, de acordo com balanço atualizado da AFP, elaborado com base em dados oficiais.

– “Fora de controle” –

Quase quatro meses depois da primeira morte por COVID-19, os Estados Unidos enfrentam uma profunda crise de saúde. Mais de 35.900 casos foram reportados nas últimas 24 horas, de acordo com a Universidade Johns Hopkins: estados populosos como Flórida, Texas e Califórnia registraram recordes diários.

No total, 2,3 milhões de pessoas contraíram a doença na maior economia do mundo, com quase 122.000 mortos.

“Se não for contido nas próximas duas semanas, a situação ficará completamente fora de controle”, disse o governador republicano do Texas, Greg Abbott.

No Brasil, o segundo país mais afetado pela pandemia, os contágios e mortes por coronavírus aumentam de forma vertiginosa. Nas últimas 24 horas foram registrados 42.725 novos casos (segundo dia com mais notificações) e 1.185 vítimas fatais, de acordo com o ministério da Saúde.

O país acumula 53.830 mortes e mais de 1,18 milhão de contágios.

O estado de Minas Gerais não descarta impor um confinamento para conter a escalada de casos e evitar o colapso do sistema de saúde.

O presidente Jair Bolsonaro, que minimizou em várias oportunidades a gravidade da pandemia, usou máscara em um ato oficial em Brasília, depois que um juiz do Distrito Federal determinou na segunda-feira que ele deveria utilizar a peça de forma obrigatória em locais públicos, sob risco de multa.

A América Latina superou a marca de 100.000 mortos, mas a região, segundo a OMS, ainda não alcançou o pico da epidemia.

A situação do México (mais de 24.300 mortos, segundo país latino-americano mais afetado) também é muito preocupante.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), unidade regional da OMS, afirmou além da “ampla circulação” do vírus no México, há “transmissão generalizada” na América Central, com “alta incidência” no Panamá e Costa Rica, sobretudo na fronteira com a Nicarágua.

– Recessão mundial –

Na área econômica, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou que o vírus provocou uma “crise como nenhuma outra”, que pode levar a uma queda do PIB mundial de 4,9% em 2020.

A China, onde a epidemia surgiu e dezembro, será a única economia com crescimento este ano, de apenas 1%, prevê o FMI, enquanto os Estados Unidos devem registrar uma queda de 8% do PIB. Na Eurozona, a contração será de 10%, com quedas de dois dígitos na Espanha, França, Itália e Reino Unido.

Na América Latina e Caribe a recessão será mais profunda que a prevista em abril, com uma contração do PIB regional de 9,4% contra 4,2% previsto anteriormente.

Apesar das previsões funestas, uma relativa normalidade retorna à Europa. Nesta quinta-feira, a Torre Eiffel, o monumento mais famoso de Paris e visitado por sete milhões de pessoas a cada ano, voltou a receber visitantes depois de permanecer fechada por três meses.

“Queria participar neste momento de alegria. Estou quase chorando, mas é de felicidade”, afirmou à AFP Therese, uma das primeiras visitantes a subir, de máscara como determinam as normas de saúde, as escadas do monumento.

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