23/02/2021 - 19:52
O mundo está caminhando em direção a uma maior igualdade entre os gêneros, mas as mulheres ainda enfrentam leis e regulamentos que limitam suas oportunidades econômicas e a pandemia acrescentou novas dificuldades, de acordo com um relatório do Banco Mundial (BM).
“As reformas para eliminar os obstáculos à inclusão econômica das mulheres foram lentas e desiguais em muitas regiões” entre setembro de 2019 e outubro de 2020, indicou o Banco Mundial nesta terça-feira (23) ao apresentar uma nova edição de seu relatório “Mulheres, negócios e legislação”.
O estudo mostra que desde o anterior, publicado em 2019, em geral houve poucas mudanças, já que as mulheres ainda têm em média três quartos dos direitos proporcionados aos homens.
No total, 190 países foram analisados, em comparação com 187 na última edição.
Dez países, contra seis no estudo anterior, obtiveram a pontuação máxima (100): Bélgica, Dinamarca, França, Letônia e Suécia repetiram o resultado, enquanto Canadá, Islândia, Letônia, Luxemburgo e Portugal entraram agora na lista.
Essa pontuação perfeita significa que homens e mulheres têm direitos iguais nas áreas examinadas pelo Banco Mundial.
O Brasil ficou com uma nota geral de 85, com pontuação máxima nas áreas de mobilidade, ambiente de trabalho, casamento e bens e notas menores para remuneração (75), parentalidade (80), empreendedorismo (75) e benefícios sociais (50).
Entre os piores países estão Iêmen, Kuwait e Catar, que pontuaram abaixo de 30.
“Apesar do progresso feito em muitos países, há regressos perturbadoras em alguns, especialmente na restrição do deslocamento de mulheres sem a permissão de um tutor”, disse o presidente do BM, David Malpass, em nota.
Ela ressaltou que a pandemia exacerbou as desigualdades existentes e prejudicou mulheres e meninas com obstáculos à manutenção do emprego ou à frequência escolar, por exemplo. Malpass também alertou que as mulheres estão mais expostas à violência doméstica.
No entanto, há espaço para esperança, pois apesar das dificuldades do ano passado, muitas economias fizeram da igualdade de gênero uma prioridade, destacou Elka Pangestu, diretora de Políticas de Desenvolvimento do Banco Mundial.
Antes da crise de saúde, menos de um quarto dos países garantiam legalmente uma licença para cuidar de crianças.
“Devido ao fechamento de escolas, quase 40 novas economias no mundo aplicaram políticas de licença ou benefícios para ajudar os pais a cuidarem de seus filhos”, observam os autores do relatório.
Outra área que pode melhorar é a da remuneração, já que em 100 dos 190 países estudados não existem leis que imponham um salário equivalente entre homens e mulheres no mesmo nível de competência.