Em cerimônia na Praça de São Pedro, Leão 14 pediu que jovens não desperdicem a vida. Chamado “influenciador de Deus”, adolescente italiano usava internet para evangelizar e morreu em 2006, aos 15 anos.O papa Leão 14 pediu neste domingo que os jovens francdesperdicem a vida durante a canonização de Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, o primeiro santo millennial e já considerado o patrono da internet, em uma cerimônia na Praça de São Pedro diante de dezenas de milhares de pessoas.

“Os santos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis são um convite para todos nós, especialmente para os jovens, para não desperdiçar a vida, mas sim orientá-la para o alto e fazer dela uma obra-prima. Eles nos encorajam com suas palavras: ‘Não eu, mas Deus’, dizia Carlo, e Pier Giorgio: ‘Se você tiver Deus como centro de todas as suas ações, então você chegará até o fim'”, disse o pontífice americano na homilia de sua primeira canonização.

Leão 14 ressaltou que “esta é a fórmula, simples mas segura, de sua santidade. E é também o testemunho que somos chamados a imitar para desfrutar a vida ao máximo e ir ao encontro do Senhor na festa do céu”.

A cerimônia em São Pedro contou com a presença de fiéis de todo o mundo, especialmente muitos jovens já devotos de Acutis que carregavam algumas imagens com a foto do adolescente, e também contou com a presença do presidente italiano, Sergio Mattarella.

Toda a família de Carlo Acutis, seus pais e seus dois irmãos, estava presente, e sua mãe Antonia Salzano foi a responsável por levar ao altar o relicário com um fragmento do coração de seu filho.

Devoção e caridade

“Ambos, Pier Giorgio e Carlo, cultivaram o amor a Deus e aos irmãos por meio de meios simples, ao alcance de todos: a Santa Missa diária, a oração, e especialmente a adoração eucarística”, explicou o pontífice americano.

Leão 14 destacou de ambos que “tinham uma grande devoção pelos santos e pela Virgem Maria, e praticavam generosamente a caridade”.

“Mesmo quando a doença os afligia e ia deteriorando suas jovens vidas, nem mesmo isso os detinha ou os impedia de amar, oferecer-se a Deus, abençoá-lo e pedir por eles e por todos”, acrescentou.

Carlo Acutis morreu em 2006, com apenas 15 anos, de uma leucemia fulminante. Os jovens católicos se identificaram com sua vida por ser um amante da tecnologia, da internet, dos esportes e dos animais. Há anos, eles peregrinam a Assis, onde seu corpo é exibido no Santuário da Spogliazione vestido com um moletom, jeans e tênis.

Ele nasceu em Londres em 3 de maio de 1991, onde o seu pai vivia, mas, pouco depois, mudou-se, com a família, para Milão.

Após receber a comunhão, aos 7 anos, começou a dedicar-se à Igreja, tendo descrito a sua fé com uma frase que depois se tornou célebre entre os devotos: “A Eucaristia é o meu caminho para o céu”.

Acutis, que lia vorazmente livros universitários sobre programação, começou a trabalhar com um estudante de engenharia informática no site da paróquia, com quem aprendeu a desenhar e a criar sites e ficou apaixonado pela atividade.

Ganhou a alcunha de “influenciador de Deus” graças ao seu principal legado tecnológico: um site multilíngue que documentava os chamados milagres eucarísticos reconhecidos pela Igreja.

Milagre no Brasil

Em outubro de 2006, ele foi diagnosticado com uma forma agressiva de leucemia e, poucos dias depois, morreu, aos 15 anos e 5 meses de idade, em 12 de outubro de 2006.

Ele foi beatificado a 10 de outubro de 2020 e, em 23 de maio, foi anunciado que o papa tinha assinado o decreto para a sua canonização.

A Congregação para a Causa dos Santos reconheceu como milagre da sua autoria a cura, considerada inexplicável por especialistas, de uma criança nascida no Brasil em 2010 com uma malformação congênita do pâncreas.

O segundo milagre que levou à sua canonização está relacionado com uma mulher da Costa Rica que, em julho de 2022, fez uma peregrinação ao túmulo de Acutis, em Assis, para rezar pela cura da sua filha, que tinha sofrido um grave ferimento na cabeça após cair da bicicleta.

A filha, Valéria, uma jovem estudante de Florença, sofreu um traumatismo craniano e os médicos deram-lhe muito poucas hipóteses de sobrevivência, mas no dia da peregrinação da mãe ao túmulo de Carlo, a menina começou a respirar sozinha.

Durante a primeira missa de canonização do seu pontificado, o papa Leão 14 canonizou também outra figura italiana popular que morreu jovem: Pier Giorgio Frassati.

Frassati nasceu em Turim e morreu aos 24 anos, em 1925, de uma poliomielite fulminante, talvez contraída em uma das muitas casas de acolhimento que visitava diariamente para dar assistência material, apesar de viver em uma família de classe alta, já que seu pai era o fundador e proprietário do jornal La Stampa.

Ambas as cerimônias estavam agendadas para o início deste ano, mas foram adiadas devido à morte do papa Francisco, em abril.

Francisco defendeu fervorosamente a canonização de Carlo, convencido de que a Igreja precisava de alguém como ele para atrair os jovens católicos à fé, ao mesmo tempo que abordava as promessas e os perigos da era digital.

md (EFE, Lusa, AFP)