14/10/2025 - 6:30
Cientistas do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) desenvolveram um papel biodegradável de origem vegetal com características capazes de substituir materiais de plástico. O novo papel possui alta resistência, barreira contra líquidos, oxigênio e ação antibacteriana e abre caminho para se posicionar como alternativa a alguns tipos de embalagens, sobretudo nos ramos alimentício e cosmético.
O processo de fabricação do novo papel biodegradável consiste no uso da interação eletrostática entre nanocelulose derivada do bagaço de cana-de-açúcar e látex natural da seringueira para formar um revestimento em múltiplas camadas. O resultado é um material biodegradável, reciclável e livre de flúor. O resultado dos estudos foi publicado no Chemical Engineering Journal.
Os testes realizados no Laboratório Nacional de Nanotecnologia do CNPEM, em parceria com a Unicamp e a UFABC, mostram que ao usar cinco camadas da nanocelulose foi possível reduzir em 20 vezes a passagem de vapor de água, prolongando a vida útil dos produtos embalados. Também diminuiu em até 4.000 vezes a permeabilidade ao oxigênio, evitando oxidação e perda de qualidade, e alcançou nível máximo de resistência a óleos e gorduras.
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“Nosso objetivo foi criar uma alternativa viável para reduzir a dependência de plásticos descartáveis. O resultado é um papel funcional, sustentável e capaz de atender às demandas de conservação e segurança do mercado de embalagens”, afirma a pesquisadora Juliana Bernardes, do LNNano/CNPEM, autora correspondente do estudo.
Papel biodegradável e reciclável
O novo papel também é passível de ser reciclado, podendo podendo retornar à cadeia produtiva sem comprometer suas propriedades. Além disso, apresentou ação antibacteriana contra E. coli, eliminando mais de 99% das células da bactéria após contato direto.
Financiado pela Fapesp e pelo CNPq, o produto ainda não tem uma produção comercial, mas já gerou um pedido de patente.