17/01/2021 - 7:20
O gasto público dos países estourou em 2020 com a covid. Governos em todo o mundo saíram correndo para socorrer empresas e empregos. Desigualdades se exacerbaram, e o debate em torno do papel do Estado na economia, como acontece de tempos em tempos, foi ressuscitado.
No Brasil, onde a Escola de Chicago – universidade americana berço do neoliberalismo – está mais em voga do que nunca desde a chegada de Paulo Guedes ao Ministério da Economia, o modelo liberal perdeu força. Assim como em grande parte do mundo, a austeridade fiscal foi posta de lado para que a população pudesse ser socorrida, e economistas questionam se ela será retomada.
Para tentar entender por onde o mundo e o Brasil vão navegar nos próximos anos, o Estadão conversou com economistas e banqueiros brasileiros, além de dois “Chicago Boys” originais e, portanto, veteranos de Guedes na Universidade de Chicago. Os dois chilenos com formação nos Estados Unidos divergem quanto ao melhor rumo econômico a ser adotado, mas concordam que o aumento do tamanho e da atuação dos Estados na economia não é uma mudança de curto prazo.
Ambos tiveram, entre os anos de 1955 e 1964, seus estudos em Chicago bancados pelo governo americano. Enquanto um afirma que “infelizmente” deverá haver uma maior regulação da atividade a partir de agora, o outro comemora os sinais de uma mudança em direção a um Estado “promotor de desenvolvimentos produtivos”.
No Brasil, a discussão vai além da questão da permanência de um Estado maior na economia nos próximos anos. O debate também abarca questionamentos em relação à falta de capacidade de Guedes para implementar as políticas liberais que havia prometido. Nos dois primeiros anos à frente da Economia do governo Bolsonaro, ele conseguiu aprovar apenas a reforma da Previdência – o que só foi possível com o empenho de grande parte dos congressistas.
Quem são. Os “Chicago Boys” eram economistas chilenos cujos estudos nos EUA foram bancados pelo governo americano durante a Guerra Fria. O convênio, firmado com a PUC do Chile, formou cerca de 30 profissionais chilenos – parte deles foi da equipe econômica da ditadura de Pinochet.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.