O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, declarou que a Operação  Lava Jato não será prejudicada ou desfalcada de pessoal por conta da  necessidade de deslocamento de mais policiais federais para atuar na  segurança dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a partir do mês que  vem. “Nós vamos lotar mais policiais federais no Rio, obviamente, mas  sem nenhum prejuízo da superintendência da PF de Curitiba. Vamos tirar  pessoal de outros locais, já que a prioridade da Polícia Federal e do  Ministério da Justiça, neste momento, em termos de investigação, é o  combate à corrupção e a Operação Lava Jato”, disse Moraes ao comentar  que esteve nesta terça-feira, 21, em Curitiba com o Juiz Sérgio Moro, os  procuradores e policiais federais da força-tarefa. Moraes se  comprometeu com eles que “não haverá prejuízo” de pessoal e apoio para a  Lava Jato e avisou que, se eles precisarem de reforço, serão atendidos.

“Reiterei  a eles o que já tenho dito de total apoio do Ministério da Justiça e do  presidente Michel Temer à Operação Lava jato. Total apoio completo. Ou  seja, se houver necessidade de mais peritos, de mais policiais, de maior  infraestrutura, é só solicitar que o Ministério da Justiça irá  imediatamente colocar à disposição”, declarou Alexandre Moraes.  ”Tranquilizei Moro e os policiais que indagaram se, no período da  Olimpíada, por conta da necessidade de mais policiais no Rio, haveria  prejuízo de recursos humanos para operações da Lava Jato”.

As  declarações do ministro foram dadas no Comando Militar do Planalto, em  Brasília, após ele participar da abertura do Seminário “Emprego do  Ministério da Defesa na Segurança dos Jogos Rio 2016”, ao lado dos  ministros da Defesa, Raul Jungmann, e do Gabinete de Segurança  Institucional, general Sérgio Etchegoyen. No seminário, o chefe do  Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho,  falou da necessidade de “adequação logística, trabalho rápido e  preparação para novas tarefas”. Ele se referia aos dois novos pedidos  que chegaram às Forças Armadas, a 44 dias do início dos jogos e a 15  dias de todo o planejamento e início de operação estarem concluídos.

O  primeiro foi feito pelo governo do Rio, para que os militares façam  patrulhamento em vias públicas como as linhas amarela e vermelha, a  TransOlímpica e a TransOeste, além da avenida Brasil, 13 estações  ferroviárias e o aeroporto Tom Jobim. O segundo foi encaminhado pelo  Ministério da Justiça solicitando militares para executar missões que  estavam a cargo da Secretaria Especial de Grandes Eventos, a exemplo da  segurança às instalações onde os eventos serão realizados e onde os  atletas estarão hospedados, interna e externamente, além da execução de  atividades que seriam da iniciativa privada, como vigilância nos campos.  Esse repasse de funções irritou profundamente os comandos das Forças  Armadas que estão “correndo contra o tempo” para corrigir o que está  sendo chamado de “esqueletos de planejamento”. A competição trará ao  Brasil cerca de 15.000 atletas de 206 países e centenas de autoridades.

Mesmo  com as novas atribuições e apesar do tempo escasso, o ministro da  Defesa, Raul Jungmann, disse que os pedidos serão atendidos porque a  prioridade será dar “segurança máxima” aos jogos. Até o momento, 38 mil  militares trabalharão especificamente na segurança da Olimpíada em todo o  País, sendo 18 mil concentrados no Rio de Janeiro. Ainda não houve  decisão sobre o número suplementar de militares que será necessário para  as novas atribuições. A ideia é que sejam deslocados para o Rio oito  batalhões das três Forças, somando perto de cinco mil homens.

Terror

O  ministro da Defesa afirmou ainda que, naturalmente, preocupa o fato de o  Estado Islâmico ter uma conta em português direcionada para o Brasil,  como foi noticiado, mas há uma vigilância em relação a isso. “O Estado  Islâmico preocupa em qualquer lugar, qualquer situação, qualquer evento,  qualquer casa, qualquer família, bairro ou qualquer nação do mundo. A  gente não pode lidar com aquilo que o EI representa porque ele  evidentemente é uma ameaça à paz em qualquer país do mundo. O que nós  podemos fazer é estarmos prontos para prevenir que ele chegue  efetivamente a atuar e os encargos que dizem respeito à segurança, à  inteligência e à defesa estão 100% em dia”, declarou Jungmann falando  que a integração será uma das principais ingredientes para combater o  terror.

O ministro do GSI, por sua vez, declarou que hoje  não há elementos que provoque um salto do “nível de preocupação para o  nível de alarme ou pânico” em relação ao terror. Segundo o general  Etchegoyen, há uma trabalho de prevenção ao terrorismo e há uma  integração com 113 agências de inteligência do mundo todo, reunidas em  um centro de inteligência estrangeiro, que vai funcionar no Rio, agora.  ”Como estamos tratando de possibilidades, o terrorismo é uma  possibilidade, como é uma possibilidade o crime comum”, acrescentou.

A  presença de um “lobo solitário”, segundo ele, é uma possibilidade  também porque tem sido o modus operandi ao redor do mundo, como no  episódio de Orlando, nos Estados Unidos, onde 50 pessoas foram mortas em  uma boate gay. Segundo ele, ainda se discute se o que houve lá foi  terrorismo ou perturbação mental . “Nós temos gente assim no Brasil  também, pois temos uma população de 204 milhões de pessoas. Mas não  identificamos este tipo e ameaça especificamente”, afirmou ele,  destacando que o trabalho de integração com agências internacionais  ajudará na identificação deste tipo de problema, já que estas agências  estão trazendo para o Brasil os detalhes, o modus operandi e a lista das  pessoas que eles têm como suspeitas neste tipo de atividade.