Quer uma pintura amarela para combinar com o sofá cor de laranja? Clique e encontrará 175 obras. Quer um trabalho vertical para entrar no pequeno vão, entre a cama e a escrivaninha? Há 49 deles no site www.democrart.com.br, que disponibiliza oito filtros para facilitar a vida de quem quer comprar pinturas, esculturas ou fotografias sem se dar o trabalho de sair de casa ou mesmo conhecer o currículo do autor da obra.

A escolha pode se dar também pela lista de artistas. Há cerca de 170 representados, entre os quais, destacados integrantes do universo da arte pop brasileira dos anos 1970, como Claudio Tozzi, Antonio Peticov e Ivald Granato. Mas, diferentemente de sites internacionais que inspiraram o negócio, como o francês YellowKorner, a democrart não aprofunda informações biográficas sobre os autores que comercializa.

Em alguns casos, em se tratando de artistas desconhecidos, não há nenhuma linha – lacuna que nem mesmo o Google ajuda a resolver. “A relação com a arte deve ser intuitiva”, defende Bruno Rampazzo, profissional do mercado financeiro que há quatro anos lançou o negócio da arte acessível. “Não somos uma galeria, nossa estrutura é o varejo. O papel de criar conceitos deixamos com as galerias.”

Com seu negócio de venda no varejo, Rampazzo comercializa obras de R$ 390 a R$ 10 mil, divididos em 12X, enquanto o valor das obras negociadas por galerias brasileiras de arte contemporânea varia de R$ 2 mil a R$ 700 mil, podendo chegar fácil à casa dos milhões. No entanto, o faturamento anual da democrart – R$ 3 milhões em 2014 – se equipara ao faturamento bruto anual da maioria das galerias de arte pesquisadas pelo relatório ABACT Apex 2013, que foi de até R$ 3,6 milhões/ano.Mas uma diferença abissal entre os dois modelos de negócio (galerias x site de arte acessível) é o público alvo e a clientela criada.

Mesmo que seu foco seja “vender edições limitadas a preços acessíveis”, a democrart não atinge o mesmo público que frequenta as feiras dedicadas a jovens colecionadores, como a PARTE, em São Paulo, ou a ARTIGO, no Rio, onde os preços não costumam passar dos R$ 15 mil. “Não estamos no mercado de arte, mas no mercado da decoração. Queremos um mercado maior”, diz
o empresário, que afirma ter feito quase 10 mil clientes em quatro anos de atividade e ter 5 mil acessos/dia no site.

Enquanto as galerias trabalham com, no máximo, 40 artistas, a fim de fazer seu acompanhamento institucional (não apenas gerando conceito e informação, mas trabalhando sua inserção em importantes coleções), o site de arte acessível trabalha com cerca de 170 e adquire 1 artista novo por semana.

Pela lógica das galerias de arte – e da qualidade – esses 170 poderiam ser peneirados para sete. Mas com uma boa garimpagem, encontram-se pérolas como trabalhos de L.P Baravelli, importante artista da geração emergente nos anos 1970, que está há algum tempo deslocado dos holofotes do sistema de arte, mas que terá em breve sua obra reunida em retrospectiva em grande instituição. Ou Juan Esteves, fotografo com obras nas coleções do MAM-SP e do MASP; ou Yara Dewachter, artista contemporânea emergente, com exposições no museu Victor Meirelles, em Florianópolis, e na Casa da Xiclet, em SP.

Para ajudar na garimpagem, o site está começando a trabalhar com curadores convidados, como o fotógrafo Iatã Canabrava e o artista urbano Binho Ribeiro, que escolhem grupos especiais de obras. Mesmo demostrando que existem diferentes nichos e mercados, o site passa a reconhecer a importância que a informação e a legitimação tem na hora de fazer uma compra. E não apenas a cor do sofá.