30/06/2025 - 13:17
A Rússia vem intensificando uso de drones contra cidades ucranianas. Para tentar conter ofensiva, ucranianos vêm recorrendo a drones interceptadores, resultando em batalhas aéreas com aeronaves não-tripuladas.Os ataques aéreos russos contra cidades e vilarejos da Ucrânia estão aumentando de intensidade rapidamente. Entre 1º e 20 de junho, Moscou lançou 3.681 drones iranianos Shahed e drones-isca de baixo custo, que servem para desorientar as forças de defesa aérea ucranianas. Há um ano, a média era de cerca de 600 por mês.
Para combater esses ataques, a Ucrânia está buscando soluções não convencionais, como o uso de drones caçadores ou interceptadores.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 e a guerra que se seguiu, Moscou não apenas aumentou a produção de drones, mas também os modernizou e mudou as táticas de lançamento.
Os drones atuais podem manobrar e voar em grandes altitudes, razão pela qual muitas vezes eles não podem ser alcançados pelo fogo das forças móveis de defesa aérea ucranianas.
“Ultimamente, a Federação Russa tem enviado drones a uma altitude de cerca de 2 quilômetros”, disse à DW Yuriy Ihnat, porta-voz da Força Aérea da Ucrânia. “É por isso que está ficando cada vez mais difícil para nossas unidades móveis interceptar os drones Shahed”, acrescentou.
“Quando os drones voam mais baixo, é possível vê-los e atirar neles”, disse ele. “Primeiro você os detecta acusticamente, depois visualmente e com a ajuda de câmeras de imagem térmica e dispositivos de mira. Abrir fogo contra eles só é eficaz quando o drone está voando a uma altitude de até um quilômetro.”
Os especialistas chamaram a atenção para as táticas russas mais recentes. “A Rússia vai bombardear todo o nosso país com drones Shahed. Eles aumentaram significativamente a produção e continuarão a fazê-lo. Se não agirmos imediatamente, nossa infraestrutura, nossa produção e nossos sistemas de defesa serão destruídos”, alertou o especialista militar e em comunicações Serhiy Beskrestnov nas mídias sociais. Em sua opinião, a Ucrânia precisa aumentar a produção em massa de drones interceptadores e treinar pilotos de drones.
Ucrânia precisa de drones diferentes
No front, o uso de drones interceptadores não algo novo. Os militares ucranianos têm usado drones com visão em primeira pessoa, ou FPV, equipados com câmeras que fornecem ao piloto do drone imagens em tempo real, há algum tempo. Esses drones são usados contra vários drones russos, incluindo modelos de vigilância e kamikaze.
No entanto, para destruir os drones Shahed, que voam mais rápido do que muitos outros, a Ucrânia precisa de drones especiais. “Um Orlan, por exemplo, voa a 100 a 140 quilômetros por hora e os drones Shahed podem atingir de 200 a 300 quilômetros por hora”, disse à DW Serhii Sternenko, chefe da Fundação Comunitária Sternenko, que fornece drones FPV aos militares ucranianos.
Nesses casos, drones com características diferentes seriam necessários para a defesa. “Existem até drones de fabricação ucraniana. Nossas tropas já abateram Shaheds várias vezes com esses drones”, disse Sternenko.
Kiev aumenta produção de drones interceptadores
De acordo com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, seu país está se concentrando no rápido desenvolvimento de drones caçadores ou interceptadores para defender também as cidades do interior.
“Em particular, estamos trabalhando em drones interceptadores para aumentar a proteção contra os Shaheds”, disse Zelenski na cúpula do G7 no Canadá, em 17 de junho, ressaltando que a Ucrânia está colaborando com parceiros para garantir um financiamento mais substancial destes esforços.
Enquanto isso, muitos fabricantes ucranianos já estão trabalhando em tais drones. Em particular, a Wild Hornets (vespas selvagens), organização sem fins lucrativos que se concentra na produção de drones para as Forças Armadas ucranianas, demonstrou repetidamente sua capacidade de interceptar drones Shahed e Gerbera com seu drone interceptador Sting.
Ao mesmo tempo, a startup alemã Tytan Technologies está testando seu próprio drone interceptador com os militares ucranianos, e a empresa Besomar, sediada em Lviv, afirma que seu drone pode esperar até duas horas no ar por um alvo.
Na Dronarium Academy de Kiev, os futuros pilotos de drones são treinados para o combate aéreo. Eles usam simuladores especiais para as Força Armadas ucranianas, e cada piloto de drone FPV precisa de cerca de um mês para aprender a controlar um drone em alta velocidade.
“Estamos formando novas unidades para cobrir as cidades do interior com sistemas de defesa aérea equipados com drones interceptadores e também estamos treinando pilotos de drones”, disse o porta-voz da Força Aérea, Yuriy Ihnat.
Drones interceptadores são mais baratos
“Se todos os grupos de defesa aérea tivessem drones interceptadores e pudéssemos usá-los para destruir drones inimigos, já teríamos algo como ‘Guerra nas Estrelas'”, disse o cofundador da Besomar, Roman Shemechko.
“Isso seria eficaz, pois você não estaria mais atirando em nuvens, mas perseguindo um alvo para eliminá-lo. Isso é mais eficaz do que simplesmente atirar em nuvens. Isso é mais eficaz do que simplesmente atirar em Shaheds voando a uma altitude de 3 quilômetros ou desperdiçar um míssil”, acrescentou.
De acordo com especialistas, os drones interceptadores também são uma alternativa razoável, dado o custo dos mísseis antiaéreos. De acordo com as Forças de Sistemas Não Tripulados, um ramo do exército ucraniano especializado em guerra de drones, o preço de um míssil antiaéreo pode chegar a 1 milhão de dólares (R$ 5,48 milhões), enquanto um drone interceptador custa cerca de 5 mil dólares.