09/01/2008 - 8:00
No início de 2007, a construtora Tiner, de origem portuguesa, vendeu em apenas cinco horas as 36 unidades de um condomínio de casas na zona sul de São Paulo. Em outubro último, a corretora Abyara precisou de apenas duas horas para encontrar compradores para os 44 apartamentos do condomínio Vista Ibirapuera, também na capital paulista. Esses dois exemplos, envolvendo imóveis com preços acima de R$ 600 mil, ilustram o momento de euforia vivido pelo setor imobiliário. A combinação de farta oferta de crédito e queda na taxa de juros serviu de combustível para tirar o segmento do marasmo no qual viveu até 2005. Desde então, os volumes de financiamento somente com os recursos da caderneta de poupança mais que triplicaram, chegando a R$ 18 bilhões em novos empréstimos somente em 2007. Isso é apenas o começo de uma grande onda, avalia Osvaldo Correa Fonseca, diretor-geral da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). ?Teremos de ampliar os desembolsos para dar conta do déficit habitacional de cerca de oito milhões de moradias?, diz. E esse ambiente de grande efervescência não está sendo benéfico apenas para aqueles que realizam o sonho da casa própria. Quem pretende diversificar a carteira de investimentos também pode encontrar boas oportunidades de ganho nesse mercado.
Uma das opções é aderir a um fundo de investimento imobiliário, um nicho que está em franco desenvolvimento. Os 70 fundos registrados na Comissão de Valores Mobiliários possuem patrimônio total de R$ 3,2 bilhões. O valor representa um avanço de 34% em relação a 2005. A aplicação inicial nesses fundos está na faixa de R$ 1 mil. E os ganhos são atrativos (leia tabela). ?A isenção de Imposto de Renda para as pessoas físicas torna o fundo imobiliário mais interessante do que a compra de um imóvel?, aponta Fernando da Silva Telles, sócio-diretor da Coinvalores. Isso porque o rendimento depositado mensalmente na conta do cliente equivale, no caso dos fundos administrados pela corretora, a cerca de 0,87% do valor da cota. Trata-se de um montante maior que o obtido normalmente com a renda de aluguel, que oscila entre 0,5% e 0,7% do valor do imóvel.
Outro mecanismo interessante é a compra de ações de construtoras, incorporadoras e imobiliárias. Segundo a Economática, as ações de dez empresas do setor negociadas em todo o ano de 2007 na Bovespa tiveram rentabilidade média de 64%. No mesmo período, o Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 44%. Como as construtoras foram muito ativas na safra de lançamentos iniciais de ações realizados na Bovespa em 2007, a lista aumentou para cerca de 40 nomes. Desde a brasileiríssima Rodobens até potências globais como a Brascan. No total, elas arrecadaram R$ 14,5 bilhões com a venda de papéis nos IPOs. São recursos muito importantes para o setor, avalia João Claudio Robusti, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-SP). ?Para crescer de forma sustentável temos de diversificar cada vez mais as fontes de captação?, diz. Como o Ministério das Cidades calcula em 24,9 milhões a necessidade de construção de moradias no período 2007-2020, tudo indica que o boom vivido pelo setor está longe de acabar. E as construtoras irão se beneficiar.
