03/12/2017 - 10:15
Contratar empresas especializadas em análise de dados e pagar pelo impulsionamento de propaganda nas redes sociais vão favorecer candidatos com mais recursos. Esta é a visão de especialistas ouvidos pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’ sobre o impacto das novas tecnologias na eleição de 2018.
Para o professor do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação da USP em São Carlos, José F. Rodrigues Júnior, “o poder financeiro de um candidato poderá influenciar no resultado da campanha”. “Isso pode dar uma diferença no resultado final”, disse.
O advogado Renato Opice Blum, professor de Direito Digital do Insper, concorda. “Quem tem mais recursos terá acesso a melhores ferramentas”, afirma o advogado.
Segundo Opice Blum, era inevitável uma mudança na legislação no que diz respeito à regulação do impulsionamento de propaganda nas redes sociais – antes era proibido. Em sua visão, a nova lei cumpre bem esse papel. “Candidatos, partidos ou coligações podem impulsionar conteúdo, mas não falsear conteúdo ou promover ataques e difamações. Isso é vedado. É uma tentativa de controlar a disseminação de fake news”, disse.
Estudo
Um estudo da Diretoria de Análises de Políticas Públicas (DAPP), da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou que robôs – programas usados para multiplicar mensagens na internet – foram responsáveis por até 20% do debate político no Twitter e apontou para o risco de deformação do cenário. Essa é uma possibilidade real, afirma professora do MBA em Marketing Digital da FGV Luciana Salgado.
“Uma coisa é você se valer de estudos e cruzamento de dados para estudar os anseios do cidadão e promover debates construtivos. Outra é se valer de tecnologia em benefício próprio, o que considero um risco para a democracia”, afirma Luciana.
Fake news na mira do TSE
Conforme o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ noticiou no dia 31 de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prepara uma força-tarefa para combater a disseminação de fake news nas disputas de 2018. A proliferação de notícias falsas e a atuação de robôs na internet também estão em discussão no Exército, na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e na Polícia Federal.
O objetivo é evitar o impacto negativo de mentiras nas eleições, a exemplo do que ocorreu nas campanhas americanas e francesas, de Hillary Clinton e Emmanuel Mácron.
Entidades da sociedade civil, como o Instituto Palavra Aberta, no entanto, reagiram à inclusão do Exército, da Abin e da PF nas discussões, temendo que haja margem para excessos e ameaça à liberdade de expressão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.