A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, alertou nesta quinta-feira, 5, para o risco de o ressurgimento repentino da inflação apertar ainda mais as condições financeiras, impactando duramente os mercados e as economias.

“Graças às ações decisivas dos bancos centrais e a políticas fiscais responsáveis, a inflação está diminuindo na maioria dos países, mas é provável que permaneça acima da meta para alguns países até 2025”, disse Georgieva, em discurso de abertura das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, na Costa do Marfim.

Ela reforçou o discurso dos bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa de que, para que se vença a luta contra a inflação, as taxas de juros terão de permanecer elevadas durante um prazo mais longo. “Isso é fundamental para evitar uma flexibilização prematura da política (monetária), dado o risco de ressurgimento da inflação”, disse a diretora-gerente do FMI.

Estudo do Fundo publicado nesta semana mostra a crescente importância das expectativas de inflação como motor dos aumentos de preços. Nele, inclusive, o organismo elogia a decisão do Brasil de adotar uma meta de inflação contínua no lugar do modelo ano-calendário.

Nesse contexto, Georgieva disse que os bancos centrais precisam comunicar claramente os seus objetivos para ajudar a moldar a opinião das pessoas sobre a inflação. E mencionou ainda sua responsabilidade quanto à manutenção da estabilidade financeira.

“Mas uma rápida reavaliação dessas perspectivas, com o ressurgimento repentino da inflação, poderá levar a um forte aperto das condições financeiras, afetando duramente os mercados e as economias”, afirmou.

A diretora-gerente do FMI chamou atenção ainda para “riscos significativos” do lado fiscal. “Um quinto das economias emergentes e mais de metade dos países de baixo rendimento continuam em elevado risco de crise de dívida”, afirmou.

Governança

De acordo com Georgieva, outro estudo do FMI mostra a importância da melhoria na governança e na capacidade do Estado para contribuir com um crescimento econômico inclusivo. Tal análise aponta que um pacote de reformas centrado na redução da burocracia, na melhoria da governança e na redução das restrições comerciais poderia aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) de países emergentes e em desenvolvimento em 8% em quatro anos, conforme ela.

Por fim, Georgieva disse que os países-membros deveriam reforçar seus repasses à entidade . O organismo tem recebido críticas sobre a necessidade de passar por uma reforma, que vêm do próprio Brasil e ainda da Argentina – que tem dívidas bilionárias com o Fundo: “Um FMI forte e com recursos adequados também significa um FMI que responde melhor às necessidades das economias emergentes e em desenvolvimento.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.