A alta do dólar foi destaque na aceleração, em março, do Índice de Preços ao Produtor (IPP), que inclui preços da indústria extrativa e de transformação, segundo Manuel Souza Neto, analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mais cedo, o instituto informou que o IPP registrou alta de 1,32% em março, ante 0,81% em fevereiro.

Conforme Souza Neto, a variação cambial média de março foi de 12,5%, a maior desde o início da série histórica do IPP, em 2010. Isso impactou diretamente a alta nos preços médios de atividades industriais como a fabricação de alimentos (alta de 6,16%, a maior da série histórica), de fumo (alta de 7,47%, também a maior da série) e de couro (7,76%, também a maior alta da série).

Nos preços da indústria de alimentos na porta das fábricas, o câmbio impacta diretamente a inflação de produtos como “carnes de bovinos frescas ou refrigeradas”, “resíduos da extração de soja” e “leite esterilizado/UHT/Longa Vida”, lembrou Souza Neto. O açúcar também foi destaque de alta.

Segundo o pesquisador do IBGE, apenas o leite e o açúcar tiveram os preços influenciados por alguma dinâmica do consumo interno, por causa da demanda por produtos essenciais em meio ao isolamento social para conter a covid-19. Já a carne e os derivados da soja, cujos preços são balizados em dólar, por causa das cotações internacionais, ficaram mais caros exclusivamente por causa da depreciação do real.

A alta do dólar, por outro lado, não foi capaz de evitar a deflação recorde (17,12%) no IPP das indústrias extrativas, puxada exclusivamente pelo tombo nas cotações do barril de petróleo, com auxílio da queda nas cotações de minério de ferro.